Governador Agnelo Queiroz se reúne com cúpula de segurança pública do DF (Foto: Raquel Morais/G1 DF)
O governador do
Distrito Federal,
Agnelo Queiroz, pediu nesta sexta-feira (31), durante reunião com a
cúpula da segurança pública, que os comandantes de batalhões da Polícia
Militar cobrem da tropa o cumprimento de suas atividades. A reunião
ocorreu em resposta a uma onda de violência na capital federal.
Os policiais militares e bombeiros do DF estão em operação tartaruga
desde outubro do ano passado. Eles reivindicam o cumprimento de 13
promessas de campanha feitas à categoria por Agnelo em 2010.
Segundo o governador, o movimento dos policiais tem “interesses
políticos”. O governador não respondeu a perguntas dos jornalistas. Logo
após o término da reunião, ele deixou o local.
“A vida é a coisa mais importante. A vida é mais importante que a
política. Por isso que a PM tem a obrigação de garantir a segurança
pública do DF. Nossa PM tem comando”, disse. “Não [podemos] admitir em
hipótese alguma que meia dúzia de pessoas, com atitudes inclusive
covardes, possam colocar em risco a segurança do nosso povo. [Eles] não
têm direito de colocar a vida das pessoas em risco."
“A população do DF não pode confundir toda uma instituição com gestos
abomináveis como a de alguns covardes comemorando a morte dos
inocentes”, disse o governador. “Tomarei todas as medidas necessárias
para garantir a segurança da nossa população.”
Cartaz afixado em parada de ônibus na área central
de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1 DF)
O comandante-geral da PM, Anderson Moura, disse que já identificou
cinco policiais que estão à frente da operação tartaruga e que vai abrir
procedimento disciplinar contra os responsáveis. A punição, segundo
ele, pode ir de advertência a demissão.
“Aqueles que fizeram falsas lideranças e que estão usando de interesses
políticos para inflamar o movimento, vamos instaurar procedimento
disciplinar”, disse. "As lideranças já foram identificadas e tanto a
Corregedoria e o centro de inteligência estão trabalhando para
identificar outros."
O presidente em exercício da Associação dos Praças Policiais e
Bombeiros Militares do Distrito Federal (Aspra-DF), sargento Sansão
Barbosa, disse que o comandante da PM “radicalizou” e que vai haver
reação dos policiais.
“Ele radicalizou, nós vamos radicalizar. Nós vamos parar a polícia”,
disse. “Não tem falsa liderança, não. Sou eleito na Aspra desde 2001
porque tenho coragem de defender a categoria. Vamos parar esse fim de
semana, vamos marcar um dia e hora para parar geral, de 12 a 24 horas.
Vamos radicalizar.”
Ele radicalizou, nós vamos radicalizar. Nós vamos parar a polícia. Não tem falsa liderança"
presidente em exercício da Aspra, Sansão Barbosa
Os policiais e bombeiros reivindicam, entre outros pontos, reajuste
salarial e restruturação da carreira. Nesta sexta, o secretário de
comunicação do GDF, André Duda, disse que o governo já atendeu 9 dos 13
pontos reivindicados pelos policiais.
Ele disse que uma das reivindicações – pagamento de gratificação – não
pode ser atendida porque depende de repasse de recursos da União. Ele
não disse quais são as outras três reivindicações não atendidas.
Os policiais negam que haja negociação aberta com o GDF e dizem que
seguirão em operação tartaruga até que o governo atenda as
reivindicações.
Aumento da violência
A um dia do fim do mês de janeiro, o número de homicídios no DF subiu
38,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com a Secretaria
de Segurança Pública, 68 homicídios haviam sido registrados no DF entre
o dia 1º e a manhã desta quinta-feira (30), 19 a mais que nos 31 dias
do mesmo mês de 2013.
Mãe de jovem morto após tentativa de assalto em Águas Claras chora ao abraçar familiar durante o velório (Foto: Lucas Nanini/G1)
Sem reajuste salarial, PMs do DF deflagraram em outubro uma operação
tartaruga, para cobrar reajuste salarial, reestruturação da carreira e
pagamento de benefícios aos que estão em atividade e reformados. Eles
dizem que só encerram o movimento quando o GDF negociar com a categoria.
'Refém do medo'
Na manhã desta quinta, o governador do DF criticou a postura dos PM que
aderiram à operação tartaruga. "A Polícia Militar tem todo o direito de
reivindicar, o que eles não têm direito é de colocar em risco a vida da
população. O GDF vai tomar todas as medidas necessárias para que
Brasília não se torne refém do medo", disse Agnelo.
A declaração do governador foi feita durante a inauguração da
duplicação de 1,5 quilômetro da DF-451. De acordo com o secretário de
Comunicação, André Duda, as recentes notícias de violência, incluindo a
morte de um homem em frente ao prédio dele, em Águas Claras, em uma
tentativa de assalto, motivaram o comentário.