Brasília/Rio.
Com o xadrez da reforma ministerial que será feita pela presidente
Dilma Rousseff ainda não montado, pelo menos uma coisa é praticamente
certa: dificilmente ela conseguirá satisfazer o PT e os partidos
aliados, mesmo contando com 39 ministérios. Há mais demandas do que
cargos disponíveis. A petista sofre ainda pressão do empresariado e do
mercado financeiro, que jogaram contra sua reeleição e gostariam de ter
nomes nos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento que significassem
mudanças das políticas econômicas.
O PT, incluindo as bancadas da Câmara e do
Senado, quer ser ouvido na composição da nova equipe. Além do cabo de
guerra entre os nove partidos que compõem a coalizão e das disputas
internas nas siglas, há ainda as rixas locais. Depois de ser derrotado
pelo PT para o governo do Ceará, o líder do PMDB no Senado, Eunício
Oliveira, por exemplo, não está nada feliz com a perspectiva de ver seu
adversário local, o governador Cid Gomes (PROS) se tornar ministro da
Educação. “Vai ser a queda e o coice”, diz um peemedebista sobre a
situação de Eunício.
Derrotados. Também a rondar
Dilma está uma fila de políticos que perderam as eleições, ávidos para
serem incorporados ao governo, mas a presidente não deve montar um
ministério de derrotados, na avaliação dos próprios aliados. O PT deve
fazer reuniões na próxima semana para discutir os nomes que apresentará à
presidente, contemplando as diferentes tendências do partido. A
Democracia Socialista (DS), por exemplo, ocupa o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) desde 2003, mas agora seu representante no
governo, Miguel Rossetto, uns dos mais próximos de Dilma, está cotado
para ser deslocado para a Secretaria Geral da Presidência, que faz a
articulação com os movimentos sociais.
Os integrantes da DS vão discutir se aceitam
trocar o Desenvolvimento Agrário por um ministério menor, sem Orçamento
para executar, ou se vão considerar a eventual ida de Rossetto para a
Secretaria Geral como da cota pessoal de Dilma. A equação no PMDB também
passa pelo equilíbrio interno, no caso, o atendimento das bancadas da
Câmara e do Senado, com seus respectivos caciques, além dos interesses
do próprio vice-presidente Michel Temer. Esse último tem em sua cota o
ministro Moreira Franco (Aviação Civil) e gostaria de emplacar também o
deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS).
Com exceção deste ano, Padilha sempre apoiou
o PSDB nas eleições presidenciais, inclusive José Serra contra Dilma em
2010. Mas neste ano ele integrou a coordenação da campanha à reeleição e
teria se redimido, na opinião de peemedebistas.
Esvaziado
Trabalho. No
PDT, a ideia desta vez é sair do Ministério do Trabalho. O partido
avalia que a pasta foi esvaziada e deixou de ser atraente. Os pedetistas
querem outro posto no governo.
Carvalho não fica e espera a presidente
Brasília. O ministro Gilberto Carvalho voltou a dizer que não
ficará na Secretaria Geral no segundo mandato de Dilma Rousseff, o que
vem afirmando desde o começo do ano, mas sinalizou seu desejo de
permanecer no governo em outro cargo.
Ele disse que continuará até o dia 31 de dezembro na Secretaria, mas
que, depois disso, não sabe para onde vai, colocando-se à disposição de
Dilma. “Nossa chefe é Dilma Rousseff. Ela sabe que pode contar comigo.”