Wesley Rodrigues/Hoje em Dia
Compra e manutenção de viaturas da PM serão terceirizadas
PÁTIO LOTADO – Falta de recursos financeiros impede manutenção de viaturas da Polícia Militar

Para garantir agilidade no atendimento a ocorrências, a Polícia Militar de Minas Gerais pretende terceirizar 100% da frota da corporação. A medida é uma determinação do comandante-geral da PM, coronel Marco Antônio Bianchini, que pretende por fim ao sucateamento das viaturas.
O contrato deve contemplar aquisição e manutenção dos veículos. Atualmente, a corporação conta com 11.500 carros em todo o Estado. O anúncio foi feito pouco mais de um mês após o Hoje em Dia noticiar, com exclusividade, a falta de conservação de viaturas em Minas.
Para a implantação dos novos veículos, segundo o chefe da Sala da Imprensa da PM, major Gilmar Luciano dos Santos, está em processo de finalização, um estudo técnico para apontar as viabilidades logística, financeira e operacional.
“Temos uma frota de qualidade, mas que precisa de manutenção e renovação constante e tudo isso está sendo considerado”, frisou. O estudo, a ser concluído até o fim de abril, também irá apontar a idade média de uso da frota, o tipo de deslocamento feito e o custo de conservação.
Para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, será uma média de 3 mil novos veículos. O número inclui, ainda, os carros que fazem parte do quadro dos batalhões do Comando de Policiamento da Capital (CPC). A estimativa é a de que as viaturas comecem a chegar ainda no primeiro semestre deste ano.
Major Gilmar afirma que a ideia é a de que a nova modalidade do sistema garanta a agilidade no retorno dos carros às ruas. A expectativa é a de que as viaturas sejam renovadas de maneira gradativa, atendendo as unidades com maior necessidade.
Detalhes
A mesma modalidade chegou a ser implantada em parte da frota da PM na gestão anterior. Na época, a empresa vencedora da licitação era responsável pela troca imediata dos veículos, uma média de 30%. Os demais carros ficavam sob a responsabilidade da corporação.
Com o fim do contrato terceirizado, em dezembro do ano passado, o comando da PM tenta manter o que ainda funciona em operação. Porém, a falta de recursos financeiros tem sido um entrave para as unidades que sofrem com o problema. Sem a liberação de verba pelo governo, o reparo dos veículos em muitas unidades segue sem data prevista.
Já há batalhões adaptando os trabalhos dos policiais. “Como não há previsão para os reparos, improvisamos no deslocamentos. Grande parte dos militares segue no patrulhamento a pé”, contou um oficial que pediu para não ser identificado.
Por dois dias, na última semana, policiais do 34º Batalhão chegaram a desempenhar trabalhos administrativos por falta de viaturas. “Dos oito militares escalados no plantão, eu tive que deixar cinco na companhia e os outros três reforçando equipes que tinham espaço nas viaturas”, explicou um oficial.
Precariedade dos carros compromete atendimento
A escassez de veículos começa a impactar o atendimento dos chamados do 190. Em algumas unidades da Polícia Militar, quem precisa da presença da corporação é orientado a tomar outras medidas.
“Se for um caso de menor potencial ofensivo, como uma discussão entre vizinhos, orientamos o solicitante a procurar uma delegacia para o registro da ocorrência”, afirmou um servidor que pediu para não ter o nome revelado.
A orientação é dada principalmente para as regiões de batalhões que estão com poucas viaturas disponíveis para deslocamento.
Desamparo
Na última sexta-feira, a educadora física Emanuelle Costa, de 32 anos, sentiu na pele a falta de estrutura de transporte da corporação.
Após se envolver em um acidente de trânsito, a jovem precisou ir diretamente a uma delegacia sem o auxílio da Polícia Militar. “Acionei a PM e fui informada que não havia veículo para atendimento. Precisava da polícia porque o outro condutor fugiu. Me senti desamparada”, contou.