domingo, 21 de junho de 2015

Governador pede que PM expulse tenente que atirou em cães

JOSÉ MARIA TOMAZELA - O ESTADO DE S. PAULO

20 Junho 2015 | 17h 58

Após matar um animal e ferir outro em Teixeira de Freitas, na Bahia, policial foi afastado das funções e está recluso

SOROCABA- O governador da Bahia, Rui Costa (PT), pediu que a Polícia Militar expulse o tenente Wilson Pedro dos Santos Júnior, que no dia 13 matou com seis tiros de pistola um cão da raça buldogue francês. Uma cadela golden retriever foi salva pela dona, a advogada Bruna Holtz Carvalho, de 26 anos. Motivo: o cachorro teria feito xixi no jardim do oficial, em um condomínio de classe média alta em Teixeira de Freitas, extremo sul do Estado. Câmeras da rua gravaram as cenas, e as imagens correram o País, causando indignação.
“A ação mostra desequilíbrio e que a pessoa não reúne condições de vestir uma farda e portar arma”, afirmou o governador. Afastado das funções, sob investigação criminal e ameaçado de expulsão da polícia, o tenente de 31 anos se recolheu em casa e não fala com a imprensa.
Seu chefe imediato, Valci Góis Serpa de Oliveira, diretor do Colégio da PM de Teixeira de Freitas, onde Santos estava lotado, disse que o subordinado está abalado psicologicamente. “Ele estava sendo incomodado pela vizinha, que toda hora ia na porta da sua casa com os cachorros, e perdeu a cabeça.” Oliveira encaminhou o tenente para o atendimento psicológico da PM.
 Condomínio Atlântico Ville, onde policial matou um cachorro da raça buldogue francês com seis tiros
 Condomínio Atlântico Ville, onde policial matou um cachorro da raça buldogue francês com seis tiros
As imagens mostram o policial já na rua de pistola em punho, atirando duas vezes contra o buldogue. Atingido, o animal se arrasta e tenta fugir, mas recebe outros tiros. A mulher pega e protege o outro cão, mas quase é atingida. Três tiros feriram mortalmente o animal. O homem volta para casa, enquanto Bruna, o marido e vizinhos correm na tentativa de salvar o buldogue, que já estava morto. Na versão da advogada – que acusa o PM de tentar matá-la –, o buldogue Apollo nem sequer fez xixi no gramado do tenente. “Só passamos perto do jardim dele.”
Segundo ela, tudo começou um dia antes, quando o PM colocou uma carta sob sua porta com ameaças. “Ele dizia que se meus filhos invadissem e cavassem de novo o jardim, ele não responderia pelos seus atos.” Bruna se refere aos cães como filhos. A advogada tentou conversar, mas ele se recusou. Da síndica, ela ouviu o conselho para evitá-lo, por se tratar de pessoa problemática e perigosa.
Repercussão nas redes. Assim que as cenas foram divulgadas, tiveram início as reações. Nas redes sociais, o vídeo foi visto por mais de 1 milhão de pessoas. O caso ganhou destaque no jornal Clarín, da Argentina, e na rede BBC, de Londres.
Em nota, o comando da PM informou que Santos estava de folga, mas responderá à sindicância que deve resultar em processo disciplinar sumário ou administrativo disciplinar, podendo culminar com sua expulsão.

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