sábado, 29 de agosto de 2015

Produtor cultiva 10 das pimentas das mais ardidas do mundo

FOTO: Eduardo Lima
A PIMENTA cultivada por João Augusto em Valadares é considerada a mais ardente do mundo
GOVERNADOR VALADARES -
Você aprecia um tempero bem apimentado? Que tal experimentar a pimenta Carolina Reaper para testar o seu paladar resistente? Para se ter uma ideia de sua ardência, a pimenta é considerada a mais picante do mundo pelo Guinness Book, o livro dos recordes. Essa pimenta e outros 9 tipos de pimentas nucleares podem ser encontrados em uma propriedade nas proximidades do bairro Santos Dumont. Cultivadas por João Augusto, as pimentas nucleares parecem um minipimentão. Mas basta mastigar um pequeno pedaço dessas pimentas, e a primeira sensação será como se a boca estivesse pegando fogo.

João tem o privilégio de ter em sua plantação as pimentas mais ardidas do mundo. O nome pimentas nucleares não foi dado por acaso. Depois de a pessoa morder um pequeno pedaço da Carolina Reaper, por exemplo, seus olhos ficam vermelhos, os lábios adormecem, a respiração se acelera e até pensar fica mais difícil. Uma dica para os corajosos é deixar sempre um copo de leite por perto. O leite ajuda a diminuir o ardor da pimenta na boca.
Em sua propriedade, o produtor tem cerca de 1.200 pés de pimentas de diversas variedades, entre elas as 10 mais ardidas do mundo: Bhut Jolokia vermelha, Bhut Jolokia chocolate, Bhut Jolokia amarela, Trinidad Scorpion, Trinidad Moruga, Habanero laranja, Habanero chocolate, Pod, Caroline Reaper e Caroline Reaper chocolate. Esta última João garante que ninguém no mundo tem. A partir da produção, o produtor faz conservas e molhos artesanais para vender no Mercado Municipal e até para o exterior. Tudo começou a partir de um hobby de João: em 1992, quando ainda morava em Boston, nos Estados Unidos. O produtor gostava de colecionar pimentas picantes. Com seu paladar resistente, João viu a oportunidade de abrir um negócio.

De volta ao Brasil, o produtor trouxe na mala sementes de todas as pimentas nucleares que encontrou nos Estados Unidos, para cultivar em Valadares. O clima quente da região favoreceu na germinação, desenvolvimento e frutificação, ao contrário das baixas temperaturas, que provocam queda de flores e frutos, alteram a ardência e a coloração dos frutos. Ou seja, João escolheu o lugar perfeito para lucrar com a plantação de pimentas. “Quando estive em Boston, tive a oportunidade de experimentar a Habanero laranja. Na época ela era a pimenta mais picante do mundo. Quando provei a pimenta me apaixonei pelo sabor ‘delirante’ e decidi plantá-la aqui no Brasil. A partir daí surgiu o interesse em plantar pimentas ardidas e fazer molhos para vender. Sou o único da região que tem essa variedade de pimentas nucleares. No Brasil, sou o único a ter a Carolina Reaper, desconheço alguém que tenha essa pimenta aqui.”

A escala de ardência não tem limites para o produtor. Quanto mais picante, melhor. “Gosto de sentir o cheiro das pimentas quando acordo de manhã. O solo de Valadares é perfeito para esse tipo de pimenta. A pimenteira é uma planta perene, o ano inteiro é propício para plantar. Não é necessário muita água. A pimenteira é uma planta de sol pleno, sensível a baixas temperaturas e intolerante a geadas, e por isso deve ser cultivada preferencialmente nos meses de alta temperatura.”
Além dos molhos artesanais, João fabrica também geleias de pimenta. Em relação ao tipo de solo, o mais adequado é de textura média, que não seja muito argiloso nem muito arenoso. Mas, segundo João, qualquer época é boa para o plantio. “A pimenta não tem época certa para o plantio. Semana passada colhi 70 quilos de pimenta, e todas já estão processadas e prontas para fazer o molho. Já está quase na hora de colher a próxima carga.”
De arder os olhos
Para classificar o grau de ardência das pimentas, usa-se, desde 1912, a escala de Scoville, nome foi dado em homenagem ao cientista e farmacologista norte-americano Wilbur Scoville. É a medida que classifica as pimentas de acordo com sua ardência (pungência), a qual é definida pela quantidade de capsaicina presente nos frutos. O método de Scoville consiste na diluição do extrato da pimenta a ser testado numa solução de água e glicose (açúcar), até que a ardência não seja mais perceptível pelo paladar. Ao fazer o teste, Scoville concluiu que quanto maior a quantidade de solução necessária para diluir uma pimenta, mais alto é o seu grau de ardência.

Segundo a escala de Scoville (SHU), a pimenta Caroline Reaper, de origem em Fort Mill, Carolina do Sul (EUA), foi classificada como a mais quente do mundo pelo Guinness, com média de 1.569.300 milhões SHU (escala Scoville), com níveis de pico de mais de 2.200.000 milhões SHU. O nome da Trinidad Scorpion é referência ao distrito de Moruga, em Trinidad e Tobago: é a segunda pimenta mais quente do mundo. Seu calor médio superou mais de 1,2 milhão de unidades na escala Scoville de calor. Já a Bhut Jolokia, de origem indiana, é considerada pelo Guinness a terceira pimenta mais forte do mundo. Para se ter uma ideia da ardência dessas pimentas, basta fazer uma comparação com a nossa brasileira malagueta, a mais picante do País, que tem 60.000 SHU. Viciado em pimentas, João pretende aumentar a produção e fazer novos testes, cruzando outros tipos de pimentas, em busca de ser o maior produtor de pimentas nucleares do Brasil. “Pessoas de outros países já ligaram pedindo os molhos artesanais. Graças a Deus, tenho uma boa venda na internet e no Mercado Municipal. Basta procurar pela Pimenta do João, que você vai encontrar. Estou pensando em aumentar a plantação em outras áreas, fora da cidade.”

Caso tenha coragem de saborear os molhos de pimenta do João, pode também ligar para o (33) 3221-8490 ou o (33) 8725-1937.

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