sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A eterna duplicação da 381 - Editorial

Editorial
Jornal Hoje em Dia
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13/11/2015

No país das novelas televisivas, Minas Gerais vive, em plena realidade concreta, a verdadeira novela em que se transformou a duplicação da BR-381, a bem conhecida “rodovia da morte”. Em um novo capítulo, o Ministério Público Federal resolveu lançar mais uma ofensiva para tentar retirar o projeto da completa inanição em que se enveredou.

O procurador da República de Ipatinga lembrou que desde 2004, há 11 anos, portanto, existem estudos que apontam a necessidade de intervenção na 381, mas a obra vem sendo postergada desde então. Na verdade, as obras até começaram, mas vêm sendo paralisadas em seus diversos lotes por motivos variados.

No total são oito lotes de obras nos cerca de 300 quilômetros do percurso a ser duplicado, que começa em BH e termina em Governador Valadares. Muitos trechos ainda estão em “análise de projetos”, outros foram iniciados e paralisados por desacordo da empreiteira com os valores acordados e há aqueles em que nada ainda foi feito.

O trecho que foi alvo da ação do MP se refere aos lotes de 4 a 7, de Nova Era a Caeté, cerca de 25% do total. Os promotores querem que a Justiça aplique uma multa de R$ 200 milhões somente por danos morais ao governo federal, que é o responsável pela duplicação, já que se trata de uma BR. Essa foi uma das promessas não cumpridas pela presidente Dilma Rousseff quando estava em campanha pela reeleição no ano passado.

Uma das empresas do consórcio responsável pelo trecho é a Engevix, que foi alvo da Operação “Lava Jato” da Polícia Federal, na investigação sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Alguns diretores até foram presos. Ela está presente nos consórcios dos lotes 1, 2, 3 e 6. Enquanto isso, enquanto a obra não anda, os acidentes continuam acontecendo, o custo do transporte de mercadorias se eleva e a circulação de veículos é sempre travada em dias de tráfego intenso.

Com todas essas protelações, o que já havia sido feito está sendo perdido, como as obras de terraplenagem que são ocupadas pelo mato por causa do abandono. Material de construção também se acumula às margens da rodovia, sem utilidade. O MP pediu à Justiça uma decisão em até 90 dias para suas ações. Parece que só o Judiciário realmente poderá fazer com que a duplicação saia do atoleiro.

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