quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Aécio cobra posicionamento de Dilma sobre prisão de Delcídio

26/11/2015 16:39 - Atualizado em 26/11/2015 16:39

Estadão Conteúdo




O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), cobrou nesta quinta-feira (26) um posicionamento da presidente Dilma Rousseff sobre a prisão do líder de seu governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). O senador petista foi preso na manhã de ontem sob acusação de obstruir investigações da Operação 'Lava Jato'. Sua prisão no exercício do mandato foi confirmada pelo plenário do Senado na noite desta quarta-feira (25).

Aécio classificou o silêncio de Dilma como algo "extremamente grave e incompreensível" diante da denúncia de que Delcídio articulava um plano de fuga para Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras preso desde janeiro, para impedir que ele fechasse acordo de delação premiada. "É incrível que a presidente da República não se manifeste como se não tivesse absolutamente nada ver com isso, como se os delatores presos, réus confessos e já condenados, como o caso do Cerveró, não tivessem sido indicados pelo seu governo", disse o senador tucano.

"A presidente da República, tão afeita, na época eleitoral, às cadeias de rádio e televisão para comemorar qualquer feito ou suposto feito do seu governo, é incompreensível e reprovável que ela não olhe nos olhos dos brasileiros, em primeiro lugar, para admitir a sucessão de equívocos do seu governo, e, agora, para explicar aos brasileiros a sua responsabilidade em relação a estas denúncias", afirmou.

Dizendo lamentar a prisão "do ponto de vista pessoal", mas vê-la como "necessária" pelo aspecto "institucional", Aécio também criticou a nota divulgada pela cúpula do PT, eximindo-se de prestar solidariedade ao congressista. "Um dos mais sórdidos documentos que demonstram a falta de coragem de um partido político que, ao invés de assumir a sua gravíssima responsabilidade em relação a tudo o que vem ocorrendo no Brasil, é o primeiro a virar as costas para o seu líder e a considerar-se descompromissado de defender aquilo que ele próprio criou. A nota lançada pelo PT, além de inoportuna e covarde, como disse o presidente do Senado (Renan Calheiros, PMDB-AL), vai ficar escrito como um dos mais deprimentes momentos deste partido que, na minha avaliação, vive seu estertores", disse Aécio.

Logo após a entrevista concedida no início da tarde desta quinta-feira (26), o tucano divulgou nota reiterando críticas feitas ao governo. "Os novos desdobramentos da Operação 'Lava Jato' reforçam nos brasileiros o sentimento de indignação em relação à forma como o País vem sendo governado. Mais uma vez, depois do mensalão e, agora, no petrolão, reforça-se a convicção de que uma organização criminosa, tentacular, apoderou-se de estruturas do Estado, com o objetivo de manter-se no poder mediante desvio de dinheiro público", afirmou no comunicado.

Apesar de toda indignação, o PSDB não cogita, em um primeiro momento, apresentar representação contra Delcídio Amaral no Conselho de Ética do Senado. Deixará a responsabilidade para Renan Calheiros, também investigado pela Operação 'Lava Jato'. "Estamos aguardando que a presidência do Senado Federal faça o que achar mais adequado. O mesmo ofício, o mesmo comunicado que a presidência do Senado está enviando ao STF, dando conta da decisão de ontem, envie também ao Conselho de Ética da Casa", afirmou o presidente nacional do PSDB.

Questionado sobre a possibilidade de Renan não representar no conselho, o tucano disse que, só então, discutirão o assunto. "(Se Renan não representar), aí vamos discutir se nós o faremos, o conjunto das oposições. Mas me parece que este começa a ser consenso no Senado Federal: o comunicado feito ao Supremo chega também ao Conselho de Ética", afirmou Aécio.

Cunha

Aécio Neves defendeu o afastamento da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como solução para a crise política e econômica vivida pelo País. "Para a oposição, a solução efetiva para o Brasil superar essa crise era já o afastamento do presidente da Câmara para que o Congresso pudesse ter uma nova agenda, o afastamento da presidente da República", afirmou o senador.

Para o tucano, apesar do agravamento da situação de Cunha diante da divulgação de documentos comprovando a existência de contas no exterior em nome dele e de familiares, o impeachment de Dilma ainda é algo viável. "A questão do impeachment nunca esteve adormecida. É claro que, com o episódio Eduardo Cunha, a agenda mudou e questiona-se se ele teria ou não as condições para conduzir o impeachment. Mas as razões objetivas que levaram este tema a ser discutido e apoiado pela grande maioria da população brasileira, essas condições objetivas, não deixaram, em momento algum, de existir", afirmou.

 

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