sábado, 28 de novembro de 2015

Avaliação da PF sobre consultoria de filho de Lula é 'descabida', diz defesa

28/11/2015 16h45 - Atualizado em 28/11/2015 16h59

Segundo a PF, ele reproduziu conteúdo da Wikipédia para consultoria.

Defesa negou irregularidades em serviço prestado pela empresa dele.

Filipe MatosoDo G1, em Brasília
O advogado de Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, divulgou nota neste sábado (28) na qual negou irregularidades em serviços prestados pelo cliente e afirmou que a conclusão da Polícia Federal de que ele reproduziu conteúdo da internet em consultoria  é "improcedente" e "descabida".
O que é o Carf - VALE ESTE (Foto: Editoria de Arte/G1)
No relatório final sobre as investigações da Operação Zelotes – que apura fraudes em julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) –, a PF coloca sob suspeita o contrato de consultoria firmado entre uma das empresas de Luís Cláudio e a Marcondes e Mautoni, escritório advocatício que, supostamente, participaria do esquema criminoso.

Segundo as investigações, a LFT Marketing Esportivo – de Luís Cláudio – recebeu R$ 2,5 milhões em pagamentos da Marcondes e Mautoni, banca de advogados especializada na representação de montadoras automotivas em entidades do setor, como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) e o Sindicato Nacional da Indústria de Veículos (Sinfavea).

"A despeito de não ter acesso à íntegra do relatório e reiterando a legalidade que revestiu a relação comercial entre a LFT e a M&M, os advogados de Luís Cláudio qualificam de improcedentes e descabidas as manifestações da PF. Adjetiva-se no lugar de se produzir provas. Não se aceita a afirmação de que os conteúdos sejam meras 'cópias' de materiais extraídos da internet", diz a nota de Zanin.

A conclusão dos investigadores no relatório final do inquérito que investiga a suposta compra de três medidas provisórias para beneficiar montadoras de automóveis é de que a consultoria entregue por Luís Claúdio foi feita a partir da reprodução de material disponível na internet, e não de um trabalho próprio, desenvolvido pela empresa.

"[No relatório de análise policial] confirmou-se, objetivamente, que o estudo produzido é baseado em meras reproduções de conteúdo disponível na rede mundial de computadores, em especial no site do 'Wikipédia'", diz trecho do inquérito.

A Wikipédia é uma enciclopédia virtual e gratuita alimentada por colaborações de usuários da internet. Atualmente, o site mantido pela Fundação Wikimedia possui mais de 30 milhões de artigos, dos quais cerca de 834 mil na língua portuguesa.
'Vazamentos'
Na nota divulgada à imprensa neste sábado, a defesa de Luís Cláudio Lula da Silva critica os "vazamentos" das informações relativas ao andamento das investigações e diz que "o dado concreto é que a Polícia Federal e o Ministério Público não conseguiram apontar qualquer conduta ilegal" por parte do filho do ex-presidente.

Para os advogados de Luís Cláudio, há "dois pesos e duas medidas" contra o filho de Lula. "Causa estranheza que, apenas quando vazamentos de materiais são realizados em detrimento dos interesses da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça haja providências efetivas para coibi-los ou, ainda, para punir os envolvidos", diz a defesa.

Conclusão da PF
Com base na conclusão de que o material fornecido pela empresa de Luís Claúdio foi elaborado com informações disponíveis na Wikipedia, a Polícia Federal diz que não é "crível" que o escritório do advogado Mauro Marcondes tenha pago tanto dinheiro por um material copiado da internet.

"Observou-se, de plano, que os estudos apresentados pareciam ser de rasa profundidade e complexidade, em total falta de sintonia com os milionários valores pagos", ressaltam os policiais federais no relatório.

No mesmo relatório, a PF indiciou 19 pessoas por suposto envolvimento nas fraudes no Carf, entre os quais o empresário do Grupo Caoa Carlos Alberto de Oliveira Andrade e os executivos Eduardo Ramos e Paulo Ferraz, ambos da MMC Automotores do Brasil – fabricante dos veículos Mitshubishi no Brasil.

O esquema, investigado na Operação Zelotes, pode ter resultado em prejuízo de R$ 19 bilhões à Receita.

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