sábado, 28 de novembro de 2015

Cerveró foi indicação de Dilma

DEPOIMENTO

Delcídio do Amaral disse a investigadores que petista sugeriu nome na época que era ministra


PUBLICADO EM 28/11/15 - 04h00 - O Tempo
Brasília. O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) disse em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público que Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras e agora preso sob acusação de corrupção, foi nomeado por indicação da presidente Dilma Rousseff. Na época, ainda no governo Lula, ela era ministra de Minas e Energia. A informação foi divulgada nesta sexta à noite pela colunista da “Folha de S. Paulo” Mônica Bergamo.
Segundo as informações que teriam sido dadas por Delcídio aos investigadores, a presidente conhecia Cerveró desde a época em que ela ocupou a Secretaria de Energia do Rio Grande do Sul.
Delcídio conhece bem Cerveró, que integrou a equipe do senador na época em que ele era diretor de Gás e Energia da Petrobras, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Delcídio também citou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no depoimento. Ele foi questionado sobre citação que fez a Cardozo em uma conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras. No diálogo, o senador afirmou que Cardozo comentou com ele que o empreiteiro Marcelo Odebrecht seria solto em pouco tempo. Delcídio afirmou que o ministro apenas deu um palpite numa conversa que, inclusive, girava sobre outro tema.
Prisão de advogado. Nesta sexta, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou revogar a prisão preventiva do advogado Edson Ribeiro, preso preventivamente por tentativa de obstruir as investigações da Lava Jato.
O ministro também determinou a transferência de Ribeiro para o presídio Ary Franco, no Rio de Janeiro, onde tem a prerrogativa de permanecer em uma sala especial, por ser advogado. Ribeiro foi preso na manhã desta sexta, no Rio de Janeiro ao voltar dos Estados Unidos. Ele disse em depoimento à Polícia Federal que houve uma “interpretação equivocada” da estratégia de defesa que traçou para Cerveró.
Conversas gravadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, mostram que o advogado, responsável pela defesa de Nestor Cerveró, tentou evitar que o nome do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) fosse citado em eventual acordo de delação premiada.
O advogado também participou de tratativas com o congressista sobre um suposto plano de fuga de Cerveró, preso desde janeiro na Lava Jato. A prisão de Ribeiro aconteceu no mesmo dia em que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro suspendeu preventivamente a inscrição do advogado.
Em nota, a OAB apontou que Ribeiro teve “atuação dúbia na defesa do interesse do seu cliente” ao tratar sobre o pagamento do silêncio de um delator e planejar a fuga do cliente.
Expulsão
Brigas. Para não amplificar as brigas internas, a cúpula do PT avalia a possibilidade de debater a saída de Delcídio numa teleconferência. A medida evitaria um confronto direto entre os membros.
Falcão hostilizado
Aeroporto. O presidente do PT, Rui Falcão, foi hostilizado nesta sexta no aeroporto de Brasília. O constrangimento aconteceu minutos antes do embarque no voo para São Paulo, ainda no ônibus que leva os passageiros para o avião.

Falcão reagiu e disse ao passageiro que os críticos do governo devem “se manifestar em 2018 (nas eleições presidenciais)”.

Em resposta, o passageiro disse que, calado, Falcão seria um grande estadista. Essa não é a primeira vez que Falcão passa por dissabores. Em outubro, o petista teve uma discussão na saída de um restaurante em São Paulo.

Aniversário. O incidente desta sexta coincidiu com o dia do aniversário de Rui Falcão. Horas após a prisão de Delcídio do Amaral, na última quarta, o presidente do PT divulgou nota dizendo que o partido “não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade” a Delcídio. 
Toffoli admite que teve conversa

São Paulo
. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli admitiu que teve encontros com o senador Delcídio do Amaral (PT-SP), preso na última quarta-feira, mas disse que as conversas tiveram como tema a reforma política. Toffoli negou que tivesse tratado com Delcídio sobre qualquer assunto ligado ao recurso do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró no STF, ao contrário do que foi afirmado pelo senador ao filho de Cerveró, Bernardo, em conversa gravada por este último sem o conhecimento do congressista.

O ministro participou de um seminário nesta sexta à tarde em São Paulo e antes de proferir sua palestra respondeu a questões de repórteres. Visivelmente nervoso, ele contestou a afirmação feita por Delcídio ao filho de Cerveró de que havia conversado com Toffoli sobre o recurso do ex-diretor da Petrobras. Nessa fala gravada por Bernarndo, Delcídio dá a entender que poderia influenciar a decisão de Toffoli e de outros ministros sobre o processo. “Sobre esse tema (recurso de Cerveró) ele nunca conversou comigo, nunca tratou desse tema com a minha pessoa e com nenhum dos colegas. Ficamos chocados com esse tipo de declaração”, comentou Toffoli sobre a afirmação de Delcídio.

Indagado porém se teve encontros com o senador, o ministro respondeu: “Sim, fui várias vezes tratar de reforma política no Senado, na Câmara, em audiências públicas. Muito do que estamos debatendo nesse seminário (sobre direito eleitoral) aqui organizado é fruto, inclusive, de discussões sobre a reforma política. Isso faz parte do dia a dia de um juiz”.
PF tenta identificar autor de vazamento

Curitiba
. A Polícia Federal no Paraná instaurou um inquérito para apurar quem vazou a minuta da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Uma cópia do documento, segundo o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi parar nas mãos do banqueiro André Esteves, um dos presos. O vazamento enfureceu os ministros do Supremo porque o documento estava protegido por sigilo.

A principal suspeita dos policiais é que o documento foi fotografado por agentes da Polícia Federal em Curitiba, onde Cerveró está preso desde janeiro, e vendido para advogados do Rio e de Curitiba.

Na gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, aparece Newton Ishii, agente da Polícia Federal que aparece na maioria das imagens da operação Lava Jato ao lado dos presos, como responsável pelo vazamento da minuta da delação. “É o japonês. Se for alguém, é o japonês”, afirma o advogado Edson Ribeiro, que foi preso nesta sexta acusado de envolvimento, sobre o vazamento.

O chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, completa: “É o japonês bonzinho”. O advogado afirma que Ishii “vende as informações para as revistas”.
Outro lado
Fumaça.
 Quando soube da menção a ele nas gravações, Newton Ishii falou a colegas que estão usando seu nome como cortina de fumaça, para manchar a imagem da Lava Jato.
Ex-político envolvido com PCC rejeita comparação

SÃO PAULO
. Investigado sob acusação de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o ex-deputado Luiz Moura disse nesta sexta que se recusa ser comparado ao líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), preso sob acusação de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato.

Moura reagiu indignado à comparação feita na véspera pelo presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza. Ao justificar por que defendia a expulsão de Delcídio, Emídio disse que o caso do senador deveria ser conduzido “como em São Paulo, quando teve envolvimento de um deputado com o crime organizado”.

Acusado de envolvimento com PPC, Moura rebateu. “Essa comparação é ridícula. Não me envolvi com corrupção. Não saí algemado pela Polícia Federal”. Moura também atacou Emídio, dizendo que não foi expulso, mas se desfiliou. O ex-deputado saiu do PT em meio a um processo interno que analisava sua expulsão.

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