terça-feira, 3 de novembro de 2015

Coreia do Norte lucra com exportação de seus próprios cidadãos como escravos

Segundo o relator especial da ONU Marzuki Darusman, os trabalhadores estão sendo usados como nova fonte de renda para o país miserável

- Atualizado em
Imagem recente do ditador norte-coreano Kim Jong-un
O ditador norte-coreano Kim Jong-un(KCNA via KNS/AFP)
Dezenas de milhares de norte-coreanos estão sendo enviados a outros países para trabalhar em condições análogas à escravidão, informou o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o país, Marzuki Darusman, nesta quinta-feira. Segundo as Nações Unidas, os trabalhadores são forçados a trabalhar 20 horas por dia, sem comida suficiente e sob constante vigilância.
Darusman alertou em uma conferência de imprensa sobre o envio que o governo fez de mais de 50.000 norte-coreanos, principalmente para a China e Rússia, para trabalhar em projetos de construção, mineração, madeireiras e empresas têxteis. De acordo com o enviado, os trabalhadores estão sendo usados como nova fonte de renda, pois a Coreia do Norte enfrenta, há muitos anos, "uma situação econômica e financeira muito apertada".
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Segundo o relatório apresentado, os norte-coreanos recebem entre 120 e 150 dólares (460 e 580 reais) por mês, enquanto o governo de Kim Jong-un embolsa "quantias significantemente altas" dos empregadores. Além de Rússia e China, os trabalhadores também são enviados para muitos outros países, incluindo Argélia, Angola, Camboja, Guiné Equatorial, Etiópia, Kuwait, Líbia, Malásia, Mongólia, Mianmar, Nigéria, Omã, Polônia, Qatar e Emirados Árabes Unidos.
O enviado da ONU acusou o governo norte-coreano de violar o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que proíbe o trabalho forçado e do qual a Coreia do Norte faz parte. Darusman afirmou que as empresas que contratam os trabalhadores se "tornaram cúmplices em um sistema inaceitável de trabalho forçado". O relator lamentou também que as autoridades norte-coreanas tenham rejeitado suas propostas de diálogo e defendeu que a comunidade internacional continue pressionando a Coreia do Norte por mais justiça e direitos civis.
(Da redação)
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