quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Dilma e Eduardo Cunha torcem para que o Brasil vá para o brejo

Acílio Lara Resende

PUBLICADO EM 05/11/15 - 03h00- O Tempo
01 Ao iniciar esta tarefa semanal, lembrei-me, leitor, outra vez, do médico fisiologista francês Claude Bernard. Nascido no dia 12 de julho de 1813 e falecido em 10 de fevereiro de 1878, é dele esta frase: “Se você não sabe o que procura, não compreende o que encontra”.

Não me lembro de como encontrei essa frase, que martela em minha cabeça e não me deixa esquecer a presidente Dilma Rousseff. Não sei se ela já ouviu falar nesse cientista, mas é incrível como, em poucas linhas, e com absoluta precisão, o que ele disse define a personalidade de muita gente, incluindo a da presidente. Dilma não sabe o que procura – nem na vida, nem na política, nem na economia; não compreende, nem compreenderá nunca, o que acabou por encontrar em seu caminho – a total desmoralização. Antes considerada uma heroína (“Dilma, coração valente”, lembra-se, leitor?), a rápida desconstrução da sua imagem chegou a Portugal.

Em 2012, quando se dirigia à Alemanha, ainda no auge da popularidade, fez uma escala em Porto para comer bacalhau. No conceituado restaurante Cafeína, foi recebida pelo chef e pelo dono. O prato que lhe foi oferecido – um bacalhau gratinado com aïoli, migas de grelos e radicchio – acabou por ganhar o nome de “Bacalhau à Dilma”. Três anos depois, o nome do prato foi trocado, tendo em vista o número crescente de reclamações dos inúmeros turistas…

Por que razão, afinal, Lula apoiou Dilma para o cargo de presidente da República? A especulação sempre foi livre, mas a resposta caberá à história, que nunca os perdoará, pois a verdade é que jamais se viu alguém tão despreparado para conduzir o país. O estrago que seu governo fez à economia, à política e à ética, com o apoio do seu patrono, não tem similar. E é isso que leva milhões de brasileiros a sugerir sua renúncia, e antes que seja tarde.

Não é possível que a presidente permita que o país continue espremido entre apenas dois assuntos: o seu próprio impeachment e a cassação de Eduardo Cunha. A situação deste, então, é patética. Esbarra na psicopatia. Inacreditável!

Assisti à entrevista de Fernando Henrique no dia 26.10, segunda-feira, no programa “Roda Viva”. No dia seguinte, na internet, a assisti de novo. Podem dizer o que quiserem os seus adversários, mas, por ora, é o único, na oposição, capaz de formular algo para que o país saia deste imbróglio. FHC falou com naturalidade sobre tudo. Saiu-se muito bem e melhor ainda quando, questionado sobre a famosa frase “esqueçam o que escrevi” (que afirma nunca ter dito), respondeu: “Não dizem que sou vaidoso? Como, então, vou me esquecer do que escrevi? Jamais disse essa frase. Não tem sentido lógico. Foi uma maldade”.

A oposição está à espera de quê?

Segundo afirmação do presidente do PT, Rui Falcão, na semana passada, em artigo na “Folha de S.Paulo”, “Lula ainda tem muito a contribuir para a história do Brasil”. Tem razão: em seu discurso, no diretório nacional, Lula deu uma notável contribuição não só à história, mas, sobretudo, à ética política, quando afirmou, textualmente, o seguinte: “Ganhamos as eleições com um discurso e, depois, tivemos que mudar o discurso e fazer o que dizíamos que não íamos fazer”.

Tem razão o colunista Ricardo Noblat quando diz que Lula “não vê nada demais em ter-se tornado um milionário à custa de empresas que beneficiou como presidente”. E, finalmente, conclui Noblat: “Lula não é imoral. É amoral – nem contrário, nem conforme à moral”.

Nenhum comentário: