José Antônio Bicalho
José Antônio Bicalho
jleite@hojeemdia.com.br
José Antônio Bicalho
jleite@hojeemdia.com.br
Na semana passada, a Fundação Ipead (o instituto de pesquisas da
Universidade Federal de Minas Gerais) publicou a última pesquisa de
preço de imóveis novos em BH. Em função do acidente em Mariana, não
consegui dedicar uma coluna a ela. Faço isso hoje, já que venho
acompanhando com atenção o fenômeno recente da reversão da escalada dos
preços dos imóveis.
A pesquisa, relativa a setembro, mostra que a evolução dos preços
anunciados voltou para abaixo da inflação. Os preços dos imóveis deram
um pequeno soluço em junho e em agosto, quando subiram alguma coisa
acima da inflação, mas a tendência continua sendo de perda de valor.
Quando olhamos apenas para a evolução mensal dos preços, nossa análise
fica prejudicada pelas distorções geradas ocasionalmente por grandes
lançamentos. Portanto, o melhor indicador é a evolução de preço no
acumulado de 12 meses. Essa aponta que os preços dos imóveis estão sendo
corrigidos abaixo da inflação desde fevereiro do ano passado, ou seja,
há 20 meses consecutivos.
Em setembro, enquanto a inflação acumulada em 12 meses atingiu 10,57%
(IPCA medido em BH), os preços dos apartamentos novos subiram 6,77%, uma
diferença de 3,8 pontos percentuais, a maior já registrada nos últimos
dois anos.
Mas notem bem: os preços dos imóveis não estão caindo. Pelo contrário, eles continuam subindo nominalmente. Os apartamentos novos estão perdendo valor apenas porque seus preços não estão acompanhando a inflação. E qual é o tamanho dessa perda?
Mas notem bem: os preços dos imóveis não estão caindo. Pelo contrário, eles continuam subindo nominalmente. Os apartamentos novos estão perdendo valor apenas porque seus preços não estão acompanhando a inflação. E qual é o tamanho dessa perda?
Vamos tomar um exemplo fictício, apenas para facilitar as contas, de um
apartamento novo que em outubro do ano passado estaria anunciado por um
milhão de reais. Passados doze meses, se corrigirmos este preço pela
inflação acumulada chegamos a R$ 1,105 milhão. Mas, se corrigirmos pela
evolução média dos preços dos imóveis no período, o valor será de R$
1,067 milhão. Uma diferença de R$ 38 mil em um ano, que representa uma
perda real de valor de 3,6% no período. Se somarmos a esta a perda
acontecida nos 12 meses anteriores, chegaremos a uma perda de valor de
6% em dois anos. Não é muito, mas é um movimento continuado e que nos
últimos meses ganhou velocidade.
Portanto, para os pretendentes à compra de um imóvel novo as dicas são as seguintes:
Portanto, para os pretendentes à compra de um imóvel novo as dicas são as seguintes:
1 – Se você quer um imóvel como investimento, o momento é o pior
possível. Os preços estão em queda e você, muito provavelmente, perderá
parte do principal no médio prazo, além de não aproveitar o retorno de
opções conservadoras no mercado financeiro (o chamado custo de
oportunidade).
2 - Se você quer comprar seu primeiro imóvel para morar, mas não está
pagando aluguel e pode esperar, aguarde mais um pouco para fazer um
negócio melhor. Se já tiver dinheiro para comprar à vista ou dar uma
entrada, coloque o dinheiro numa aplicação segura e rentável, como
títulos do governo.
3 - Se você está pagando aluguel e já tem dinheiro para comprar um
apartamento ou dar uma boa entrada, compare o retorno de aplicações
financeiras conservadoras. Se ele for suficiente para cobrir o valor do
aluguel e ainda atualizar o investimento frente à inflação, esperar mais
um pouco pode ser bom negócio.
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