Em pauta
Ele afeta não somente as características climáticas do planeta, mas também a economia global
PUBLICADO EM 17/11/15 - 04h00- O Tempo
Genebra, Suíça. O
atual fenômeno meteorológico El Niño é um dos mais violentos desde 1950
e deve ganhar força até o final do ano, provocando inundações e secas,
conforme alertou nesta segunda uma agência da Organização das Nações
Unidas (ONU).
“As secas severas e as inundações
devastadoras que estão ocorrendo nas zonas tropicais e subtropicais
caracterizam o atual episódio do El Niño, o mais forte registrado em
mais de 15 anos”, disse o secretário-geral da Organização Meteorológica
Mundial (OMM), Michel Jarraud.
El Niño, um fenômeno natural resultante da
interação entre o oceano e a atmosfera nas regiões centrais do Pacífico
equatorial, “está contribuindo para condições climáticas extremas” e
“continuará a se intensificar ainda este ano”, disse a OMM em seu último
boletim. Em geral, os eventos do El Niño se intensificarão ainda este
ano e culminarão entre outubro e janeiro, mas podem manter uma alta
intensidade no primeiro trimestre do próximo ano, antes de começarem a
enfraquecer.
A OMM indica que a temperatura da superfície
da água nas zonas central e oriental do Pacífico vai exceder a
temperatura normal em 2°C, de modo que este El Niño estará entre os três
mais fortes registrados desde 1950. Os outros Niños mais fortes foram
os de 1972; 1982 e 1997.
Secas, inundações e furacões.
Os efeitos do El Niño variam segundo as zonas, e este ano já se fazem
sentir com violência. De acordo com a OMM, o El Niño contribui com uma
estação de ciclones tropicais muito ativa nas bacias ocidentais e
orientais do Pacífico Norte, enquanto tende a reduzir a atividade de
furacões no Atlântico e ao redor da Austrália.
“O furacão Patricia, que chegou à Terra no
México, em 24 de outubro, foi registrado como o ciclone tropical mais
intenso do hemisfério ocidental. No sul da Ásia, foi registrado um
déficit de precipitações entre junho e setembro”, explica Jarraud.
A seca também vai afetar a América Central,
onde cerca de 2,3 milhões de habitantes necessitarão de assistência
alimentar por causa dos danos nas plantações. As chuvas, em
contrapartida, são o lote reservado pelo El Niño a países do leste da
África, em especial na Etiópia, onde se agravará a insegurança
alimentar.
A intensidade que o fenômeno alcançará na
costa do Pacífico da América do Sul ainda é incerta, segundo o ministro
peruano do Meio Ambiente, Manuel Pulgar Vidal. “Seus efeitos não foram
muito severos na região, especialmente na América do Sul, porque
coincidiu com o inverno e, depois, com a primavera”.
El Niño e o aquecimento global.
A OMM publicou seu boletim às vésperas de uma conferência internacional
em Nova York sobre El Niño e La Niña (fenômeno inverso, com
temperaturas abaixo das normais no Pacífico equatorial), que terá em sua
agenda a possível potencialização do fenômeno meteorológico pelo
aquecimento global.
“Esse fenômeno natural do El Niño e o
aquecimento global induzido pelo ser humano talvez interajam e se
modifiquem mutuamente de formas que ainda não experimentamos no
passado”, disse Michel Jarraud, citado no relatório. “Nosso planeta
mudou muito em decorrência do aquecimento global. A tendência geral é
para um aumento da temperatura oceânica em todo o mundo, a perda de gelo
marinho no Ártico e mais de um milhão de km² de cobertura de gelo no
Hemisfério Norte”, afirmou.
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