segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Lamaçal chega em Valadares e cidade fica sem água por pelo menos 48 horas

08/11/2015 20:39 - Atualizado em 08/11/2015 20:39

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia



LEONARDO MORAIS/HOJE EM DIA
Lamaçal invade rio Doce
Lamaçal invade rio Doce

A lama que desce o rio Doce levou o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) a suspender a captação em Governador Valadares, e a maior cidade do Leste de Minas poderá ficar sem água potável nas torneiras  por mais de 48 horas, partir desta segunda-feira (9). O aviso provocou alarde e correria na busca por água para armazenar, mas até a mineral sumiu dos depósitos e prateleiras.

Com a notícia de que a onda de lama chegaria a Valadares na tarde deste domingo (8), técnicos do SAAE se anteciparam e foram ao Vale do Aço, onde coletaram e analisaram a água barrenta. De acordo com o resultado divulgado, o nível de turbidez é alto e impede o tratamento.”Nenhum tratamento é eficaz enquanto a lama não se diluir e passar”, diz a nota.

Com mais de 270 mil habitantes, Valadares é a primeira grande cidade na rota da lama que utiliza água do rio Doce. E já vinha enfrentando problemas com o abastecimento por causa do baixo nível do manancial. Agora os avisos para que a população economize água foram reforçados com um agravante: apesar da previsão, o SAAE não sabe ao certo quando a água do rio Doce poderá voltar a ser utilizada.

“Isso é desesperador. Estou saindo para procurar água mineral e sei que vou ter que rodar bastante”, lamenta o produtor rural Josafar Coelho Campos, de 73 anos. Ele encheu dois toneis para garantir o banho, mas está sem reserva de água para beber. Se depender de um dos maiores depósitos de água mineral da cidade, localizado na Avenida Minas Gerais, o produtor voltará para casa sem o líquido.

Todos os 800 galões de 20 litros que o comerciante Gilson Dutra recebeu nesse sábado (7) foram vendidos assim que descarregados. Na manhã deste domingo (8), sobravam  reservas e pedidos, mas faltava o produto. “Compro água em Matipó, mas lá também acabou”, conta, revelando que dois dos seus fornecedores estão sem água para entregar porque as nascentes secaram.

“Se não chover em dois meses, a situação vai se complicar”, diz Dutra. “A média é de 50 galões de água por um de gás. Hoje só temos gás”, compara o vendedor do deposito, Thiago Oliveira, de 33 anos. O vigilante Milton Rodrigues, de 67 anos, morador do bairro Gra Duquesa se diz tranquilo. Ele encheu uma caixa reserva de mil litros, uma máquina de lavar e vários baldes. “Se não precisar ajudar os vizinhos, minha água da para dois meses”, calcula. Na casa vivem dois adultos e duas crianças.

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