sábado, 21 de novembro de 2015

Líderes religiosos se mostram preocupados com aumento de interesse pelo Islã


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elogiem a hospitalidade do Brasil e não acreditem que o país, “por enquanto”, vá sofrer ataques de extremistas como Paris, líderes muçulmanos que vivem em São Paulo pedirão uma reunião com a presidente Dilma Rousseff para se preparar melhor contra a ação de radicais. Eles querem que o governo promova um seminário inter-religioso ainda no primeiro semestre de 2016, antes das Olimpíadas, no Rio de Janeiro. Após sermão na Mesquita Brasil — o maior e mais antigo templo islâmico do país — onde pregou “os princípios da convivência pacífica”, o xeque Abdul Hamid Metwally contou ontem que o Islã vem despertando a curiosidade dos brasileiros e admitiu preocupação com possível surgimento de algum tipo de movimento extremo.
— Nós gostamos de viver aqui no Brasil porque há liberdade de religião. E precisamos mostrar isso para o mundo. Por isso, queremos mais diálogo com todas as religiões, para continuarmos convivendo bem, e frisar que o que acontece hoje no mundo não é um problema religioso, mas político — pontua.
O pedido, uma carta redigida pelo Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos no Brasil (CSTAIB), junto com a Sociedade Beneficente Muçulmana (SBM), entre outras entidades, deve chegar ao Palácio do Planalto na próxima semana. O xeque Khaled Taky El Sin, presidente do CSTAIB, não descartou que “a onda de terrorismo” possa chegar ao Brasil:
— Ninguém sabe quem está por trás desse povo. Há necessidade de ficarmos preparados. Precisamos que esse país viva em paz. Se chegar aqui, vai dar problema também.
‘Ninguém lembra quando sofremos violência’
Durante uma hora de sermão, em árabe, para cerca de 1,5 mil fiéis, Abdul Hamid repetiu algumas vezes que os muçulmanos jamais foram adeptos da violência, e lembrou que os árabes sequer produzem armas. Em tom taxativo, reclamou:
— Ninguém lembra quando sofremos violência em nossas casas, nem abre a boca para condenar o que fazem contra nossas mulheres, mas estão sempre nos acusando de terrorismo.
O líder religioso frisou ainda que seu povo nunca matou “nem quando estava por cima”, e apontou Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e Israel como os maiores fabricantes de material bélico do mundo.
— O Estado Islâmico compra de quem? Quem criou esse grupo? Veja que a maioria nem é árabe. Então não somos nós que promovemos a guerra.
Questionado sobre se concorda com uma ofensiva contra os extremistas, como a promovida pela França, o xeque afirmou que os muçulmanos jamais estarão em situação de guerra com ninguém e pediu que Alá tenha clemência.
O representante da SBM, Ahmed Ismail, também condenou qualquer tipo de ataque, e frisou que “a Justiça cabe somente a Deus”:
— O que nós passamos é a vontade dele. Cabe a nós orar pelos nossos irmãos.
Emocionada após as palavras que ouviu na cerimônia, a libanesa Afaf Hauache, de 69 anos e há 52 vivendo no Brasil, reiterou o discurso do perdão dos xeques.
— Passamos por muito mais coisas do que é divulgado. Ninguém se mobilizou pelo ataque a Beirute, por exemplo. Mas temos nossa fé e consideramos que tudo isso seja um teste. Um dia a verdade aparece — afirmou.
Afaf se referia a um duplo atentado suicida num reduto xiita frequentado pelo Hezbollah, no Sul de Beirute, que deixou ao menos 43 pessoas mortas e 239 feridas, um dia antes dos ataques à França.


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