domingo, 15 de novembro de 2015

Mesmo com a crise, opções ao consumidor se multiplicaram

ESPECIAL

Mudanças no comportamento do mercado são reflexos da indústria e da economia

PUBLICADO EM 14/11/15 - 03h00
Em termos de volume de vendas, o mercado brasileiro foi do céu ao inferno na última década. A partir de 2007, quando foram comercializados 2.972.822 veículos (entre automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões), o setor automobilístico bateu recordes de vendas ano após ano, até chegar ao volume de 3.740.418 emplacamentos em 2013. Em 2014, porém, houve queda de 7,1%, com 3.498.012 novos veículos nas ruas. E, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 2015 deverá terminar com uma retração ainda mais acentuada, de pelo menos 27,4%.
Paulo Garbossa, da consultoria ADK Automotive, explica que os ótimos resultados colhidos pelo setor automotivo até 2013 foram consequência do bom momento econômico que o país atravessava. “Havia uma série de fatores, como estabilidade de emprego, facilidade de compra e incentivos fiscais”, diz. A queda registrada nos anos seguintes reflete uma mudança nesse cenário.
Com a crise econômica, o consultor aponta o advento de um novo problema para o setor automobilístico: a alta do dólar, que aumenta os custos de produção e, consequentemente, o preço final dos produtos. “A tendência é que os carros subam de preço, inclusive os nacionais, porque eles têm componentes importados”, pondera.

Apesar dos percalços que ocorreram em 2014 e em 2015, Paulo Garbossa acredita que a situação econômica do Brasil irá melhorar gradualmente já a partir de 2016, o que deverá voltar a trazer resultados positivos ao mercado de veículos. “Em meados do ano que vem, as vendas irão voltar a subir. Pouco a pouco, mas vão subir”, prevê.
Concorrência
A boa notícia para o consumidor é que o bom momento que a indústria atravessou até 2013 fez com que surgissem novas marcas e modelos de veículos no mercado, aumentando consideravelmente o leque de opções. “Com isso, o mercado para o consumidor ficou melhor que para as montadoras”, analisa o especialista da ADK Automotive.
Paulo Garbossa explica que a chegada de novos veículos já provocou mudanças no comportamento dos compradores. Um exemplo é o Volkswagen Gol, que, após se manter como líder de vendas do mercado brasileiro por expressivos 27 anos, perdeu o posto, no ano passado, para o Fiat Palio. “Em 2009, eram vendidas aproximadamente 300 mil unidades anuais do Gol. Em 2014, o Palio foi líder com 160 mil emplacamentos”, aponta.
Mais que a mudança de posição no ranking de vendas de veículos do Brasil, o consultor chama a atenção para a pulverização dos números entre diferentes modelos. “Novas opções, como o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20, já abocanharam grande parcela do mercado pouco após serem lançados”, destaca.
Neste ano, o HB20 já é o terceiro veículo mais emplacado, na soma dos resultados de janeiro a outubro. Já o Onix é o segundo, mas pode terminar o ano em primeiro: é que o hatch da Chevrolet assumiu a liderança em agosto e, desde então, tem ficado à frente do Palio, que ainda é o mais vendido no resultado acumulado. Se mantiver a posição em novembro e em dezembro, o Onix deverá terminar o ano à frente do modelo da Fiat.

Tecnologia veicular 
Atualmente, as tecnologias de conectividade são comuns nos automóveis. Centrais multimídia com recursos de integração a telefones celulares estão presentes até em modelos populares. O boom desses itens, de acordo com Paulo Garbossa, da consultoria ADK Automotive, surge a partir da demanda dos consumidores. “O público jovem, que compra majoritariamente carros de entrada, faz questão desses equipamentos”, explica. Para o especialista, a tendência é que sejam disponibilizados cada vez mais recursos digitais nos veículos.
Ricardo Dilser, consultor técnico da Fiat-Chrysler Automobiles (grupo FCA), também aposta na integração entre o carro e o telefone celular. “Hoje, a Fiat tem os sistemas Connect, Blue and Me, Blue and Me Nav, EcoDrive, Uconnect, USB, interatividade com a maioria dos smartphones, Bluetooth, viva-voz, etc. A tendência é a de que essa conectividade se amplie e chegue definitivamente aos carros de entrada”, diz.
Além da conectividade, o consultor técnico do Grupo FCA explica que as tecnologias voltadas para reduzir o consumo de combustível e os níveis de emissão de poluentes também ganharam forte impulso nos últimos anos, tanto por força da legislação quanto pela maior conscientização do consumidor, e a tendência é que elas se tornem cada vez mais presentes nos veículos. “Em linhas gerais, a evolução da frota brasileira está pautada por carros mais ‘verdes’ e inteligentes”. Ele explica que alguns recursos já estão presentes em muitos modelos: “Pneus ‘verdes’ (que têm menor atrito com o solo), motores com variador de fase no comando de válvulas, calibração de pedal de acelerador e gerenciamento de motor mais eficiente, voltado para o baixo consumo de combustível, e redução nas emissões foram adotados na linha Economy da Fiat. 
Outra tendência apontada por Ricardo Dilser é o downsizing, que consiste na substituição de um motor de grande cilindrada por outro menor, porém turboalimentado. “Com isso, há menor consumo de combustível e menos emissão de CO2 , sem perder potência e torque”, salienta.

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