terça-feira, 3 de novembro de 2015

Planalto já avalia necessidade de adequação de discurso de Dilma


por Gerson Camarotti - G1


O núcleo mais próximo da presidente Dilma Rousseff já admite que é preciso adequar sua posição oficial e reconhecer que o governo mudou radicalmente o discurso de campanha para recuperar credibilidade junto aos eleitores e voltar a ter diálogo com a sociedade. A avaliação de auxiliares palacianos foi feita depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva carimbou o estelionato eleitoral da testa de Dilma.

Na semana passada, em reunião do diretório nacional do PT, Lula afirmou que parte da atual crise política é resultado da “mudança de discurso” do governo da presidente Dilma em relação às promessas feitas na campanha eleitoral do ano passado. Na avaliação de Lula, a presidente está fazendo exatamente o que afirmou que não faria enquanto tentava conquistar mais um mandato.

“A primeira coisa que precisamos fazer para voltar a dialogar com a sociedade é reconhecer que o discurso de campanha mudou completamente. Não adianta tentar construir um discurso diferente, de que a mudança foi o cenário político internacional. Foi isso que fez a credibilidade do governo despencar. Dilma bateu recorde de impopularidade. As pessoas sabem o que está acontecendo. Tentar ignorar esse sentimento da população é um erro”, observou um auxiliar da presidente, reforçando as palavras de Lula.

No discurso da semana passada, Lula chegou a afirmar que o grande problema político, sobretudo com a base, foi que Dilma ganhou a eleição com um discurso e depois passou a fazer aquilo que dizia que não iria fazer.  A primeira vez que o ex-presidente falou isso publicamente, no Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), houve desconforto no núcleo palaciano.

O próprio discurso de Lula na semana passada criou uma saia justa. “Dilma não é o tipo de pessoas que costuma reconhecer seus erros. Mas se não for dessa forma, vai ser pior”, reconheceu esse auxiliar. Mas para a cúpula petista, a prioridade agora é retomar esse contato com a sociedade para conseguir criar um novo argumento para 2016, ano de eleição municipal. Há o reconhecimento que, se não houver essa mudança e Dilma não recuperar parte da popularidade, o PT enfrentará um desastre eleitoral na disputa pelas prefeituras.
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