segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Por que alguns mudam de igreja que nem macaco, de galho em galho

José Reis Chaves


O Tempo
12 As pessoas, hoje, mudam muito de religião. E algumas até têm mais de uma. É que elas vão evoluindo cultural e biblicamente, e passam, assim, a questionar questões que seus líderes religiosos ensinam. Daí que elas deixam sua comunidade religiosa e vão buscar outra, que, com o tempo, passa a ser também como a última que abandonaram.

Existe uma expressão latina muito conhecida com a qual os protestantes e evangélicos fazem questão de identificar-se: “Sola Scriptura” (“Somente as Escrituras”). Segundo eles, todo o conteúdo bíblico, e somente ele, é a base rigorosa de toda a sua crença. Mas, na prática, não é bem assim, pois vemos entre eles coisas contrárias à Bíblia e muitas outras apenas judaicas, e não bem cristãs. Sim, às vezes, eles até se prendem mais a questões do Velho Testamento do que às do Novo.

São Paulo converteu-se ao cristianismo, e levou para ele questões doutrinárias judaizantes, pois seus escritos (epístolas) foram os primeiros escritos do Novo Testamento, nos quais os evangelistas muito se basearam ao escreverem os evangelhos. Daí que algumas questões doutrinárias constantes dos evangelhos nem sempre foram ensinadas por Jesus, mas por Paulo. E essas influências judaico-paulinas, frequentemente, são até abusivas nos ensinos dos líderes religiosos, principalmente protestantes e mais ainda entre os evangélicos. Para Jesus as obras são mais importantes: “A cada um conforme suas obras” (Mateus 16: 27). Para os protestantes e evangélicos, vale mais a graça aliada à fé.

Para Paulo, a mulher não deve atuar dentro das igrejas. Ele ensina mesmo que ela não deve falar nada perante as comunidades reunidas nas igrejas. Aqui se percebe também claramente a influência machista bíblica do judaísmo do Velho Testamento, machismo esse que, com a evolução, é normal que deverá desaparecer. Mas é um exemplo de que, na Bíblia, nem tudo é certo!

E há outras coisas na Bíblia que seus seguidores não adotam. Alguns exemplos disso são geralmente as leis mosaicas, e não as divinas ou naturais dos Dez Mandamentos. Uma delas manda matar os filhos muito rebeldes (Deuteronômio 21: 21). Outra proíbe o consumo de carne suína (Deuteronômio 14: 3 e 8). Outra lei mosaica proíbe também o contato com os demônios (“daimones” em grego, a língua original do Novo Testamento), demônios esses que, na verdade, são os espíritos dos mortos, e não de outra categoria de espíritos, como muita gente, erradamente, ainda pensa. Moisés proibiu esse contato com os espíritos dos mortos por causa da ignorância do povo sobre a mediunidade e, ainda, por causa do comércio e da charlatanice que muitos faziam com essa prática com os demônios ou espíritos dos mortos. Mas vejamos que, em outra parte, Moisés até elogia dois homens que se comunicavam com espíritos dos mortos ou demônios. É que esses dois homens, Eldade e Medade, entendiam de mediunidade, não faziam comércio com esse contato e até eram profetas (médiuns) de espíritos que profetizavam através deles. Sim, pois há dois tipos de profetas: o do espírito que se manifesta e do médium que o recebe (Números 11: 24 a 30).
Respeitemos a Bíblia, mas separemos nela, também, o joio do trigo. E é por não a conhecerem bem que as pessoas ficam confusas e inseguras, não se firmando em nenhuma igreja e ficando que nem macacos, de galho em galho!

Nenhum comentário: