domingo, 15 de novembro de 2015

Trombada com Assembleia derruba chefia da Polícia Civil


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br


14/11/2015

Saiu de Caratinga (Leste mineiro), cidade natal do presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB), e base eleitoral dele e do líder do Governo, Durval Ângelo (PT), uma trombada entre eles e um delegado que foi bater na Cidade Administrativa (sede do governo estadual) e desmontou o comando da Polícia Civil. Mais do que a chefia (tem status de secretaria), caíram por terra todas as grandes e entusiasmadas expectativas dos altos e médios escalões da corporação de que, com o governador Fernando Pimentel (PT), teria chegado, finalmente, a vez dela.

Tudo começou por uma questão de mando político. Durval teria indicado um delegado regional para Caratinga, que provocou a exoneração daquele que estava nomeado há dois meses no cargo. De lá para cá, as relações azedaram entre Durval e o subsecretário da Polícia Civil, Marcos Luciano, que, após a trombada, foi exonerado no dia 27 de outubro passado. Em seu lugar, foi nomeado, na sexta-feira última, o delegado regional de Ipatinga, João Otacílio da Silva Neto, por indicação do líder do governo e à revelia do chefe da Polícia Civil, Wanderson Gomes.

De uma só canetada, João Otacílio saltou de um cargo de terceiro escalão (delegado regional) para o alto comando, com direito a assento no conselho da corporação. Para ocupar o cargo, é preciso ser delegado geral com 20 anos de carreira. Como não foi consultado, desta vez quem reagiu foi Wanderson Gomes, que ameaçou entregar o cargo de Chefe da Polícia Civil. No bate e rebate, Adalclever assumiu a defesa de Durval. Tudo somado, deve ser divulgado, neste sábado (14), o ato de exoneração de Gomes no diário oficial do Estado.

Quem assumir o comando terá a missão de juntar os cacos da quebra de autoridade e de expectativas. Há um desânimo generalizado na corporação, que se sente enfraquecida e submetida às pressões políticas vindas da Assembleia. Neste ano, já foram exonerados três subsecretários de Administração Prisional, um a cada três meses, e, há dois meses, o cargo está vago. Nem deverá mais ser preenchido, já que o governador pretende criar a Secretaria do Sistema Prisional.

Pimentel extinguirá empresas

A nova previsão no governo é de que o projeto de reforma administrativa do Estado, o segundo, chegará até o final do mês na Assembleia. A grande novidade seria a criação da Secretaria Prisional e extinção de vários cargos e empresas. De um lado, busca-se maior eficiência da máquina; de outro, fazer o dever de casa, extinguindo postos e reduzindo gastos no momento em que o governo aumenta a carga tributária para melhorar a receita. Foram citadas como prováveis extintas a Cohab (Companhia Habitacional) e a Ruralminas. “São empresas que podem ser absorvidas em secretarias afins”, observou um aliado do governo.

Recusa foi de Dilma

Quem acompanhou o sobrevoo presidencial nas terras da primeira cidade e capital de Minas, Mariana, onde, oito dias antes, ocorrera o mais grave desastre ambiental após rompimento de barragem da ex-Samarco/Vale (ou “São Marcos”?), contou que a decisão de não pousar não foi de assessoria ou de logística. De acordo com essa informação, a própria Dilma Rousseff se recusou a descer. Por quê? Hipótese: constrangida pela demora em aparecer.

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