Dilma, 68 anos, não tem resposta para um argumento que foi esgrimido, pela primeira vez, por Kim Kataguiri, 19, do Movimento Brasil Livre
A
presidente Dilma Rousseff, além de obviamente incompetente, é também
irresponsável. Que tenha cometido crime de responsabilidade, bem,
qualquer pessoa que tenha lido a Lei 1.079 e que avalie a sua obra
chegará à conclusão óbvia: cometeu. Mas é evidente QUE ELA TEM O DIREITO
DE LUTAR PELO SEU MANDATO.
Essa luta tem de ser política e jurídica.
No terreno
das leis, é lícito que Dilma tente demonstrar que suas pedaladas e
gastos não autorizados não caracterizam o tal crime. Como fazê-lo? Não
sei. Até agora, não vi a defesa apresentar nenhum argumento consistente.
O máximo que se tentou foi no terreno da moral rasa: “Ah, fiz para dar
benefício aos pobres”. Isso, além de tudo, é mentiroso. Metade das R$ 40
bilhões das pedaladas de 2014 é constituída de empréstimo do BNDES para
pançudos. Chama-se “Bolsa Amigos do Rei” — ou “da Rainha”, para atentar
à questão de gênero.
No terreno
político, Dilma teria o direito de tentar convencer os brasileiros de
que o impeachment seria pior para o país; de que a população terá uma
vida mais difícil; de que a instabilidade política que ele acarretaria
seria pior para a vida de todos etc. Obviamente, não acredito em nada
disso. Mas a ela cabe tentar.
Qual é o
direito que Dilma não tem? O de afirmar a bobagem mentirosa, repetida
nesta terça pela enésima vez. Segundo ela, o impeachment, em si, não é
golpe porque está na Constituição, mas “vira golpe quando não há nenhum
fundamento legal”.
E ela foi
adiante: “A Constituição é clara: se faz impeachment quando há crime de
responsabilidade. Não há contra mim nenhum crime de responsabilidade. Eu
sequer fui julgada. Eu tenho uma vida ilibada, meu passado e meu
presente”.
Há besteiras
e trapaças argumentativas aí. Em primeiro lugar, o crime de
responsabilidade aconteceu. Reitero: basta ler os artigos 10 e 11 da Lei
1.079. Em segundo lugar, que bobagem é essa de dizer que “nem ainda foi
julgada”? Ora, caso a Câmara autorize o processo de impeachment e caso
este seja aberto pelo Senado, ela vai ser julgada.
Dilma tenta
fazer crer que, antes da denúncia por crime de responsabilidade, ela tem
de passar por um julgamento. Qual? Onde? DE ONDE SAIU ESSA BATATADA?
Qual foi o julgamento prévio pelo qual passou Collor? Aliás, o
ex-presidente foi inocentado no Supremo. Ele só teve de renunciar à
Presidência porque percebeu que seria condenado no julgamento político.
Em terceiro
lugar e mais importante: Dilma não tem resposta para um argumento que
foi esgrimido, pela primeira vez, por Kim Kataguiri, do Movimento Brasil
Livre, no programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan. Falo de um jovem
de 19 anos que vai começar a estudar direito no ano que vem: se
impeachment é golpe — e não se cuida de falar em tese, mas do caso em
questão mesmo; isto é, da denúncia em curso —, então o Supremo Tribunal
Federal resolveu criar o rito do golpe; então o Supremo passa a fazer
parte da conspiração golpista.
Dilma não
tem o direito de fazer essas afirmações. Ela está é degradando as
instituições ainda um pouco mais. Até porque o risco de ela ser impedida
é real, e a resposta que se dará, nesse caso, será institucional.
A propósito:
caso ela caia em razão do que considera “golpe”, vai fazer o quê?
Aderir de novo à luta armada? Voltar ao terrorismo?
Seja mais responsável, minha senhora! Aos 68 anos, ainda dá tempo de aprender alguma coisa com um jovem de 19.
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