domingo, 27 de dezembro de 2015

A inflação é o xis do problema

Ricardo Galuppo
Ricardo Galuppo
rgaluppo@hojeemdia.com.br


27/12/2015

Talvez 2015 seja o primeiro ano da história que chega ao fim sem dar ao brasileiro que olha com seriedade para o cenário da política e da economia um único motivo para comemorar. Os indicadores pioraram. E podem continuar piorando. Quem realmente imagina que a inflação de 2016 será contida pelos aumentos dos preços da eletricidade e dos combustíveis aplicados ao longo de 2015 corre o risco de ter as esperanças frustradas pelo medo que virá com a realidade. Sim. Por tudo o que é possível extrair dos conceitos anunciadas por Nelson Barbosa em seus dias iniciais no cargo de Ministro da Fazenda, a questão central não foi tocada e o problema da inflação está em aberto. A taxa pode alcançar e até dobrar a meta se o problema não for atacado com a devida seriedade.
Em matéria de política e de economia, tudo o que se pode esperar de 2016 é mais do mesmo que se viu em 2015. A economia continuará patinando. O dólar seguirá embicado para o alto. As taxas de desemprego, também. O governo continuará tentando passar a impressão de que está no controle da situação. Os simpatizantes do governo e do PT seguirão dizendo que o recurso do impeachment (por mais previsto na Constituição que esteja) é golpe. A oposição continuará andando em círculos, sem saber se apoia a saída imediata da presidente Dilma Rousseff ou se concentra as fichas em 2018.

FORA DILMA, FICA DILMA
Esse será o cenário para o ano novo se o país não colocar a mão na consciência e se convencer de que seus problemas são muito mais sérios do que uma disputa entre o “Fora Dilma” e o “Fica Dilma”. Esse será o cenário se não houver a percepção de que a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados, por si só, não resolve coisíssima nenhuma — e que o próximo ocupante do cargo tende a se comportar mais ou menos como ele. Os problemas do país, enfim, são velhos e conhecidos. A pergunta, portanto, é: sendo assim, por que não são resolvidos?
ESTOCAR O VENTO
Encontrar a resposta para essa questão é mais difícil do que, digamos, estocar vento. Mas a cada dia se torna mais evidente que uma saída deve ser buscada — sob o risco de o Brasil recuar não ao período anterior à chegada de Lula ao poder. O retrocesso pode se dar em direção ao que o país era antes de 1984, quando a inflação corria todo o salário nos primeiros dias do mês.
Repetir essa lenga-lenga pode ser enfadonho. Mas é preciso urgentemente entender que a causa primária da inflação — o maior flagelo que pode pesar sobre o trabalhador — não está na ganância de empresários inescrupulosos e muito menos numa conspiração do capitalismo internacional contra o país.
A inflação decorre da mania do Estado brasileiro de gastar mais do que arrecada. Decorre da mania oficial de distribuir benefícios antes de saber se terá condição de pagá-los. Decorre da prática de que o país inteiro pode ser destruído em nome de uma vitória eleitoral. Decorre, enfim, da percepção de que, do jeito que está não dá para ficar. Simples assim. Se o brasileiro se convencer disso nos próximos doze meses, 2016 já terá valido a pena.
Feliz ano novo e que Deus nos proteja!

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