quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ano de 2016 chega em mundo afetado por fenômenos climáticos extremos

31/12/2015 14:51 - Atualizado em 31/12/2015 14:51

Agence France-Presse



AFP
aquecimento global
Emissão de gases causadores do efeito estufa é a principal origem da alteração climática

O mundo recebe 2016 perturbado por fenômenos meteorológicos extremos, como as inundações na América do Sul, Inglaterra ou Estados Unidos, as temperaturas acima de zero no Polo Norte, a neve no México ou uma onda de calor na Austrália.
As temperaturas no Polo Norte são anormalmente quentes, de entre 0 e 2ºC, e superiores em pelo menos 20 graus à média habitual devido a uma poderosa e violenta depressão que afeta o Atlântico Norte.
O Ártico é a região do globo mais afetada pelas mudanças climáticas, com temperaturas atualmente superiores em ao menos 3º em relação ao nível da era pré-industrial.
No entanto, ainda é cedo para vincular de maneira exclusiva e direta estas altas temperaturas com as mudanças climáticas, adverte Natalie Hasell, meteorologista do ministério canadense do Meio Ambiente, insistindo que os cientistas não baseiam suas conclusões em anomalias pontuais.
A depressão que afeta o Atlântico Norte também levou um Natal particularmente quente ao leste do Canadá (15,9º no dia 24 de dezembro em Montreal, onde normalmente são registrados -10º). Nos dias seguintes ocorreram grandes nevascas em metade do  país.
Comuns no Canadá, as nevascas surpreenderam os mexicanos neste fim de ano no estado de Chihuahua, perto da fronteira com os Estados Unidos.

El Niño
Os americanos sofrem, por sua vez, com uma série de tornados e inundações que deixaram ao menos 49 mortos nos Estados centrais e do sul. O caudaloso rio Mississippi já superou em quatro metros seu nível de transbordamento em certas zonas, enquanto tornados espetaculares devastaram partes do Texas.
Gigantescas inundações deixaram dezenas de milhares de evacuados em Argentina, Brasil e Uruguai, onde os serviços de meteorologia seguem prevendo mais chuvas para janeiro. Estes episódios meteorológicos se devem ao fenômeno El Niño, particularmente potente este ano, acentuado provavelmente pelas mudanças climáticas, segundo os cientistas.
O El Niño é um fenômeno natural, mas o episódio atual "é provavelmente o mais potente registrado nos últimos 100 anos", destaca Jérôme Lecou, um meteorologista francês. "Não existe uma resposta simples" para explicar os fenômenos excepcionais, às vezes mortíferos, observados tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, Austrália e América Latina, destaca.
Na Austrália, uma onda de calor provocou grandes incêndios florestais e espera-se que as temperaturas alcancem 38º no sul do país.

Morangos no Natal
Na França, as temperaturas excepcionalmente quentes para o inverno desorientam a natureza: na Costa Azul flores desabrocharam e haverá colheita de morangos no Perigord (sudoeste) e de aspargos na Alsácia (nordeste).
Na Espanha, o calor incomum e as chuvas fracas de outono alimentaram os incêndios florestais.  Várias cidades da Itália limitaram a circulação para lutar contra a poluição ambiental de partículas finas, favorecida pela falta de chuvas e de ventos há semanas.
O norte da Inglaterra sofre, por sua vez, com inundações sem precedentes, que provocaram a evacuação de centenas de pessoas, especialmente na cidade de York.
No Mar do Norte, uma onda gigante deixou um morto e dois feridos na quarta-feira em uma plataforma petrolífera norueguesa.
O alcance dos efeitos do El Niño supera a região do Pacífico e o fenômeno tem "uma consequência em escala planetária", explica à AFP Jean Jouzel, ex-vice-presidente do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), cujos trabalhos alertaram o mundo para o aquecimento do planeta. "Geralmente, os anos do El Niño são mais quentes", acrescenta.
As temperaturas registradas em todo o mundo entre janeiro e novembro já bateram recordes e segundo a agência oceânica e atmosférica americana, 2015 será o ano mais quente da história moderna.

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