Violência
Veja dicas para deixar sua casa segura enquanto curte as suas férias
PUBLICADO EM 24/12/15 - 04h00
Por dia, em média, quase sete arrombamentos foram registrados em Belo
Horizonte entre janeiro e outubro deste ano. No período, conforme a
Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), foram 2.048 ocorrências. E
é agora, entre dezembro e janeiro, quando muitas pessoas viajam para
passar as festas de fim de ano e as férias na casa de familiares ou para
curtir uma praia, que os criminosos aproveitam para agir.
A situação levanta um alerta para a necessidade de mecanismos de
proteção já que ninguém deseja se tornar a próxima vítima. A estudante
Aline Cristiane Costa, 26, foi uma das que teve a desagradável surpresa
de chegar em casa, no bairro Nova Esperança, na região Noroeste de Belo
Horizonte, e encontrar o imóvel revirado no último réveillon.
“Passamos a virada do Ano Novo em Prado, na Bahia. Voltamos no dia 2 de
janeiro e encontramos o portão de casa arrombado”, contou. Dentro do
imóvel, a família encontrou tudo revirado. Roupas, relógios e aparelhos
eletrônicos foram levados. Um prejuízo de aproximadamente R$ 2.000.
A história vivida por Aline é comum. De acordo com o tenente Marcos
Jacó, responsável pela 4ª Companhia do 1º Batalhão de Polícia Militar,
os meses de dezembro e janeiro requerem uma atenção maior. “Sem dúvidas,
nesses meses é preciso mais cuidado. Os criminosos sabem que as pessoas
andam com mais dinheiro, viajam mais e, consequentemente, há aumento no
número de imóveis vazios”, explicou.
Proteção. Uma das alternativa para combater o crime
mais usadas é a Rede de Vizinhos Protegidos, que foi criado pela Polícia
Militar como um sistema de prevenção contra a criminalidade. Ela tem
como objetivo formar um grupo de pessoas que se ajudam mutuamente.
“Qualquer cidadão pode requerer a Rede de Vizinhos Protegidos. Os
interessados podem ir à companhia mais próxima de suas casas e fazer o
pedido. Devemos frisar que de forma alguma há privilégios para quem
participa do grupo”, informou o tenente.
Após o pedido, a casa recebe a placa da Rede de Vizinhos Protegidos. “A
polícia faz a sua parte, mas as pessoas também devem evitar exposição
ao risco que as torne vítimas de bandidos”, disse Jacó.
Busca por segurança aumenta
Chega o fim do ano e muitas pessoas recorrem a equipamentos de
segurança eletrônica para evitar arrombamentos. Segundo o gerente
comercial da Millenium Segurança Eletrônica, Vandeir Ramos, mesmo com a
crise, a empresa teve aumento de cerca de 3% nas vendas na primeira
quinzena de dezembro se comparado ao mesmo período do mês anterior.
“Os equipamentos mais solicitados são cercas elétricas, alarmes e
câmeras de segurança. O investimento mínimo para um equipamento simples é
de R$ 1.000”.
Troca de mensagens por WhatsApp ajuda a evitar ocorrências
A união de vizinhos é cada vez mais comum para tentar evitar
arrombamentos durante este período do ano. No bairro de Lourdes, na
região Centro-Sul de Belo Horizonte, moradores e comerciantes se
reuniram e criaram grupos no WhatsApp que ajudam a evitar arrombamentos,
furtos e roubos. De acordo com o presidente da Associação da Praça
Marília de Dirceu e Adjacências (Amalou), Jeferson Rios Domingues, a
integração entre os moradores faz toda diferença quando o assunto é
segurança.
“Costumo dizer que tudo que se faz em relação à segurança ainda é
pouco. O ladrão fica 24 horas planejando como vai entrar nas casas e nos
comércios das pessoas. Por isso, os moradores do Lourdes estão sempre
preocupados e em busca de alguma alternativa para evitar crimes na
área”, explicou o presidente.
A associação conta com três grupos no aplicativo, sendo que todos eles
contam com a participação dos militares que atendem a região. Por meio
do aplicativo, os moradores conseguem trocar informações sobre pessoas
suspeitas que circulam pela região.
“Temos os grupos de moradores, comerciantes e dos lavadores de carro,
que são credenciados pela Amalou. Sempre que percebem alguma
movimentação estranha em alguma rua, os membros se comunicam”. Para o
tenente Marcos Jacó, a parceria foi fundamental para a melhora na
segurança do bairro. Sem divulgar números, o militar afirma que houve
uma redução significativa de crimes violentos na área.
Casos de roubo crescem 21%
Minas Gerais teve em 2015 uma média de 310 roubos por dia. Somente na
capital mineira, a média é de 115 casos. Esses números mostram a
dimensão dessa modalidade de crime, que nos últimos anos tem sido a que
mais aumenta no Estado. Em comparação com o ano passado, 2015 teve um
aumento de 21,6% nos casos. O percentual na capital é de 21,5%.
Os dados foram divulgados nesta quarta pela Secretaria de Estado de
Defesa Social (Seds) e correspondem ao período entre janeiro e novembro.
Segundo o estudo, no Estado, foram 89.942 roubos em 2014, contra
103.328 neste ano. Em Belo Horizonte, as ocorrências pularam de 31.614
para 38.407.
Conjunto. De acordo com o especialista em segurança
pública e coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Robson Sávio, como os
roubos podem ser considerados crimes de oportunidade, são vários os
fatores para o crescimento.
Para Sávio, não adianta apenas reforçar o policiamento nas ruas, mas
também deve haver uma conscientização da população e mudanças
estruturais.
“Se não passar por questões mais estruturais, não há medida que resolva
o problema. Pode haver melhorias razoáveis, mas manterão em patamares
altos os crimes contra patrimônio”, afirma o especialista.
Outros crimes. Enquanto o roubo manteve a tendência de
alta dos últimos anos, os demais crimes considerados violentos
(homicídio, estupro, sequestro, cárcere privado e extorsão mediante
sequestro) tiveram queda no Estado.
No caso dos homicídios consumados, houve uma queda de 2,6% nos dados de
Minas Gerais. As tentativas de homicídio caíram 12,2%. Os estupros
consumados tiveram redução de 7,4%, e as tentativas, 12,7% – os casos de
estupro de vulnerável caíram 2,2%. Fecham a lista os crimes de extorsão
mediante sequestro, com queda de 27%, e de sequestro e cárcere privado,
com baixa de 18,8%.
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