domingo, 13 de dezembro de 2015

Cidade ‘dilmista’ muda de lado... Município da Grande B.H que apostou na presidente agora defende o impeachment

SÃO JOAQUIM DE BICAS



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Herança. Eleitor de Dilma em 2014, Antônio comprou carro e agora não consegue pagar as prestações
PUBLICADO EM 13/12/15 - 04h00
A abertura na Câmara Federal do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, no último dia 2, já provocou mudanças no município mais “Dilmista” da região metropolitana de Belo Horizonte. Depois de uma eleição, em outubro de 2014, com a preferência de 63,13% dos 8.286 eleitores, Dilma não goza mais de tanto prestígio. O que mais se ouve nas ruas de São Joaquim de Bicas é a queixa de moradores que passaram a defender a saída da presidente.
O curioso, no entanto, é que os mesmos eleitores que dizem ser favoráveis ao fim antecipado do mandato da petista afirmam que votariam no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa próxima eleição.
No entorno da prefeitura, no centro da cidade, circulam comerciantes, políticos, trabalhadores e muitos desempregados. Foi ali, nas proximidades do bairro Tereza Cristina, numa calçada da rua José Gabriel de Rezende, a mesma da prefeitura, que a reportagem de O TEMPO encontrou, na semana passada, em frente a uma lanchonete vazia, o atendente Antônio Carlos da Silva, 23, observando o fraco movimento do comércio. 

O trabalhador conta que em outros anos, inclusive no período em que Lula governava, a lanchonete já teria contratado outros funcionários para dar conta do movimento de fim de ano. Era mais gente, com poder de compra maior. “Agora, meu medo é perder o emprego”.

Política lulista mudou a cidade
Na mesma rua José Gabriel de Rezende, uma acalorada discussão sobre política acontecia no dia em que a reportagem de O TEMPO visitou São Joaquim de Bicas. “Lula é o candidato do município em 2018. Não tem pra ninguém”, dizia, enfático, Agostinho Garcia, 52, proprietário de uma imobiliária na mesma rua. Questionado sobre a gestão de Dilma, ele mostrava sua opinião: “o povo brasileiro é assim, gosta de ser enganado”.
Segundo Rezende, São Joaquim de Bicas tem perfil de maior adesão a governos de esquerda por ser uma cidade habitada principalmente por metalúrgicos. “Eles são influenciados pelos sindicatos”, justifica.
 
Assim como outros moradores, o balconista Rogério Pego de Macedo, 35, fazia coro à volta do ex-presidente Lula. “Bicas é um município pobre, mas que graças à política dos últimos anos do governo do PT oferece estudo e casa aos moradores”, disse. Macedo lembrou ainda o fato de a população ter aumentado seu poder de compra, adquirindo carro, moto, eletrodomésticos.

Na mesma roda de conversa, o presidente da Câmara de Vereadores, Fabio Cândido Correia, o Fabinho do Bar (PSDB), que representa a minoria dos eleitores da cidade, tentava desvendar o fenômeno Lula.
“Não sei bem explicar, mas os programas sociais chegaram com tudo na cidade na gestão lulista. De repente, os recursos desapareceram com a Dilma, causando essa revolta”. 


Vereadores da cidade são presos por corrupção

Entre março e abril, cinco vereadores de São Joaquim de Bicas do PPS, PSB, PMDB e do PT foram presos por suspeita de corrupção. Os políticos detidos são Enilton César da Silva (PPS), o Niltinho; Cristiano Silva de Carvalho (PMDB), o Balança; Tarcísio Alves de Resende (PMDB), o Neném da Horta; Marcos Aender dos Reis (PT), o Marcão; e Carlos Alberto Braga Fonseca (PSB), o Carlinhos, que era o presidente da Câmara Municipal até a data da prisão. Até sexta-feira, todos continuavam presos.

Gravações feitas com autorização da Justiça mostraram os políticos participando de uma suposta tentativa de extorsão contra empresários.

Os vereadores são acusados de receber propinas no total de R$ 1,2 milhão em troca da aprovação de projetos na Câmara. Eles foram detidos em operação conduzida pelo Ministério Público. Seis empresas chegaram a receber o pedido do pagamento e colaboram com as investigações. 


“PSDB não entra mais no município”

O balconista Rogério Pego de Macedo, 35, nega ser cabo eleitoral do PT em São Joaquim de Bicas, na Grande BH. Apesar disso, é ele quem movimenta a cidade contra o PSDB, partido que conduziu o governo de Minas nos últimos 12 anos. “Se depender de nós, os tucanos não ganham nunca mais aqui”, garante. 

Ele, que admite ser um militante espontâneo do Partido os Trabalhadores (PT), alega que o único “benefício” dado pelo Estado ao município na última década foi um complexo de presídios.
Já o vereador Fabinho do Bar, do PSDB, que preside a Câmara Municipal, apesar de ser da oposição, é um dos poucos que se diz contra o impeachment de Dilma Rousseff. “Não é motivo suficiente para derrubá-la”, afirma. 

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