Presidente da Casa traçou série de estratégias para arrastar o processo de impeachment. Ideia é alongar a crise política do governo federal, segundo aliados
A votação da Suprema Corte desta quinta-feira foi considerada uma derrota para Cunha. Os ministros derrubaram as últimas decisões da Câmara, entre elas a chapa alternativa criada para disputar a eleição para a comissão especial que analisará a ação, a possibilidade de voto secreto na eleição dos membros do colegiado e a de candidatura avulsa, isto é, sem a indicação dos líderes partidários. A contragosto do governo, os deputados elegeram na semana passada uma chapa considerada rebelde e formada por integrantes com tendência a apoiar o impeachment de Dilma.
No esboço já traçado por Cunha, segundo seus aliados, a ideia é manter a Casa travada até que sejam saneadas todas as dúvidas regimentais apresentadas por meio de recurso ingressado no Supremo. Enquanto isso, a expectativa é a de uma deterioração da economia, com índices de desemprego cada vez mais elevados, e o aumento da insatisfação popular com a gestão petista. O governo chegou a trabalhar para enterrar a ação de impeachment já em janeiro, mas a ideia é arrastar o processo para depois do Carnaval - quando se espera que as manifestações pela deposição de Dilma ganhem força nas ruas. O entendimento é o de que a Câmara, dessa forma, segura o encaminhamento do processo ao Senado, formado por parlamentares mais alinhados ao Planalto.
Outra possibilidade está na constante derrubada, durante votação em plenário, da comissão "oficial" do impeachment, formada apenas por indicações de líderes partidários. Como o STF vetou a possibilidade de candidaturas avulsas, há o questionamento de qual procedimento seria adotado se os deputados rejeitassem as chapas apresentadas, o que exigiria novas eleições.
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A articulação, no entanto, pode não ter respaldo jurídico. O próprio ministro Roberto Barroso, autor do voto vencedor, diz que não há pontos a serem esclarecidos, apesar de embargos serem uma estratégia permanente da parte derrotada do julgamento.
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