sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Dilma diz que PSDB é 'base' do pedido de impeachment

11/12/2015 12h36 - Atualizado em 11/12/2015 13h22

Presidente comentou posição do partido em apoiar processo abertamente.
Dilma disse ainda que governo não tem 'interesse' em interferir no PMDB.

Laís AlegrettiDo G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (11) que a base do pedido de abertura do processo de impeachment aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é o PSDB. Dilma deu a declaração após participar da 21ª edição do Prêmio Direitos Humanos, no Palácio do Planalto.
Nesta quinta (10), após reunião entre integrantes da alta cúpula do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que há “razão consistente” para o impeachment de Dilma. No encontro, os tucanos fecharam acordo para unificar o discurso em torno da defesa do processo de impedimento da presidente.
Apesar de integrantes do PSDB, maior partido da oposição ao governo de Dilma, virem se posicionamento favoravelmente ao impeachment, FHC ainda não havia defendido o processo publicamente. Nesta quinta, FHC ponderou que, mesmo com razões para impeachment, é preciso ter “clima político” favorável ao processo.
"Não é nenhuma novidade. Não é possível que os jornalistas aqui presentes tenham ficado surpreendidos. Aliás, a base do pedido [de impeachment] e das propostas do presidente da Câmara é o PSDB, sempre foi. Ou alguém aqui desconhece esse fato?", questionou Dilma, ao ser indagada sobre o posicionamento do PSDB.
Sobre o mesmo tema, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que o PSDB busca desde o primeiro dia após o resultado das eleições de 2014 "construir um processo de questionamento" do resultado das urnas.
"Buscam recontagem dos votos, dizem que máquinas não funcionaram, tentam encontrar fatos para o impeachment, fazem um pedido, substituem por outro, não vejo nenhuma novidade na posição que o partido oposicionista vem tendo neste momento", afirmou Cardozo.
"O que eu lamento, apenas, é que algumas pessoas que historicamente ajudaram a construir a democracia no Brasil e que têm uma biografia na luta, na defesa do estado de direito, parece que esqueceram do que defenderam no passado e agora, por questões momentâneas e episódicas, abrem mão de princípios para se somar a uma situação de busca de impeachment que não tem a menor base constitucional, não tem a menor justa causa", defendeu o ministro.
Relação com Temer e PMDB
Durante a entrevista, a presidente foi questionada sobre a reunião que teve na última quarta com o vice-presidente Michel Temer. Na ocasião, os dois afirmaram – ela em nota oficial e ele, em entrevista –, que manterão, de agora em diante, uma relação "institucional".
A relação entre os dois piorou nos últimos dias após Temer enviar a Dilma uma carta na qual abordou suposta desconfiança dela em relação a ele e ao PMDB. Naquele mesmo dia, em entrevista no Planalto, ela havia reforçado que não desconfia dele "nem um milímetro".
Nesta quinta, Dilma relatou que teve um diálogo "pessoal e institucionalmente muito rico". A presidente foi questionada ainda sobre um suposto pedido de Temer para que ela não interferisse na disputa pela liderança do PMDB na Câmara. Segundo o Blog do Camarotti, o vice-presidente advertiu que isso poderia ter desdobramentos políticos sérios para o governo.
"O vice-presidente Michel Temer, presidente do PMDB, eu entendo que ele tenha considerações a respeito do PMDB. Agora, o governo não tem nenhum interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR. Mas o governo vai lutar contra o impeachment", ressaltou Dilma.

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