sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Empresários querem definição rápida sobre impeachment

Começo do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é visto como um passo em direção à solução do impasse econômico do país

- Atualizado em
A presidente Dilma Roussef durante coletiva no Palácio do Planalto após o presidente da Camâra, Eduardo Cunha, autorizar a abertura de um processo de impeachment
Mercado quer um desfecho rápido da situação de Dilma para começar a fazer projetos concretos(Ueslei Marcelino/VEJA)
O início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é visto como um passo em direção à solução do impasse econômico que o Brasil viveu ao longo de 2015, de acordo com empresários. Com a "guerra branca" entre Dilma e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, transformada em embate declarado, a expectativa é que a economia possa finalmente voltar aos trilhos.
Segundo o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, o mercado quer um desfecho rápido da situação para começar a fazer projetos concretos. "A leitura que eu tenho do mercado como um todo subindo (a Bolsa ganhou mais de 3%) é que todo mundo está esperando que se vire essa página", diz o empresário, dono da terceira maior varejista de moda do país.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, afirma que a definição do processo de impeachment já é, por si só, um bom resultado. Segundo ele, "agora o processo está andando e é possível ver uma luz no fim do túnel, pois há um prazo para se definir se a presidente fica ou sai". Desde 2014, o setor de autopeças demitiu 55 mil trabalhadores, 25% de sua mão de obra há dois anos.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, diz que a entidade não é nem favorável nem contra o impeachment da presidente Dilma. "Acreditamos que as instituições brasileiras estão funcionando e não há nada fora do arcabouço institucional."
Já o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes, considera que os investimentos só voltarão a crescer quando a questão do impeachment estiver resolvida. Para ele, é importante que os desdobramentos políticos ocorram o mais rápido possível, de modo a iniciar os ajustes necessários para as contas nacionais, o que poderá destravar os investimentos.
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Infraestrutura - Segundo empresários consultados pelo jornal O Globo, o processo de impeachment ainda pode paralisar projetos de infraestrutura. O presidente da Odebrecht Transport, Paulo Cesena, acredita que o agravamento da crise política eleva a cautela dos grupos estrangeiros que têm o Brasil no radar. Para ele, por mais que técnicos do governo se esforcem para tocar novas licitações, o apetite pelos projetos pode diminuir.
O mesmo clima de apreensão também é vivido pela indústria petrolífera. Antônio Guimarães, secretário-executivo do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), teme que a interlocução com o governo caia num vácuo em meio à discussão política sobre o impeachment.
(Com Estadão Conteúdo)

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