domingo, 6 de dezembro de 2015

Impeachment: Dilma resistirá?

TEMPO

O destino do país está nas mãos dos juízes do Supremo e de deputados e senadores que elegemos democraticamente, gostemos deles ou não deles

JOÃO GABRIEL DE LIMA - DIRETOR DE REDAÇÃO
04/12/2015 - 22h11 - Atualizado 04/12/2015 23h17 - Época
Seria o caso de dizer que um terremoto abalou Brasília, não tivesse essa expressão sido tão usada, e tão apropriadamente, nos últimos meses – é de estranhar que os palácios da cidade ainda não tenham, metaforicamente, virado escombros. Os sismos de maior magnitude ocorreram em função da Lava Jato, das trapalhadas econômicas do governo, que arrastam os brasileiros para as ruas e para a pobreza, e dos desmandos dos parlamentares do tipo que os ingleses chamam de “self-serving” – que agem apenas em interesse próprio. Brasília resistiu. A democracia brasileira resistiu.
Agora, Brasília vibrará no ritmo do impeachment. Trata-se de um julgamento peculiar, em que a presidente não se submete a um tribunal tradicional, mas a deputados e senadores eleitos pelo povo e, justamente por isso, sujeitos à pressão de seus eleitores. Não há dúvidas de que a democracia brasileira vai resistir. Nossa democracia desenvolveu instituições sólidas, apesar de ser ainda uma jovem de 30 anos (democracias, como mostram os Estados Unidos e os países europeus, atingem a maturidade por volta de 100, 150 anos). Mas e Dilma? Resistirá?
Capa Época edição 913 (Foto: Época )
Mais que situação e oposição, o país se divide entre os que desejam e os que não desejam o impeachment de Dilma – e que exercerão pressão sobre o Congresso. Entre os que não querem sua queda estão, claro, os governistas, que desejam continuar no poder. Também grande parte dos oposicionistas – os que apostam numa vitória fácil em 2018, caso o governo mantenha o desempenho desastroso que vem tendo até agora, no segundo mandato de Dilma, com seus baixíssimos índices de popularidade. E também a fatia do setor produtivo que acredita que um impeachment abalaria ainda mais a confiança dos investidores em relação ao Brasil.
Entre os que defendem o impeachment estão os oposicionistas que querem logo assumir o governo, apesar de todos os problemas econômicos e políticos. A fatia do setor produtivo que acha que a falta de confiança no Brasil tem nome e sobrenome, Dilma Rousseff – e que a simples saída da presidente traria os investimentos de volta. E, paradoxalmente, uma fatia do governo que mantém o olho nas eleições de 2018. Eles acham que o impeachment de Dilma geraria uma narrativa conveniente para o próximo pleito, na qual o PT sairia como vítima de uma “conspiração das elites” – e essa narrativa pavimentaria o caminho de Luiz Inácio Lula da Silva de volta ao Planalto.
O país está dividido, e as paixões aflorarão ao longo das próximas semanas. Num momento grave como este, o impeachment repousa nas mãos dos deputados e posteriormente dos senadores, todos supervisionados pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Que eles passem ao largo dessas paixões e decidam com serenidade. Manter a serenidade, neste momento, é também a missão da imprensa. Na edição de ÉPOCA desta semana, a partir da reportagem especial desta semana, você encontrará informação abundante para entender o momento histórico que o país vive. Informação que é essencial para formar opinião e também para melhor monitorar as atitudes dos representantes que – gostemos ou não deles – elegemos democraticamente. Eles têm nas mãos o destino do país.
 

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