FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL/FOTOS PÚBLICAS
anti-dilma
Vários protestos a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff estão planejados

Motivados pelo acolhimento do pedido de impeachment pelo qual tanto clamaram ao longo de 2015, os movimentos anti-Dilma se reunirão hoje para cobrar dos deputados federais que ainda estão indecisos uma posição a favor da cassação da presidente. Os protestos estão programados para acontecer em mais de 80 cidades brasileiras, a partir das 10h.

Em Minas Gerais, o ato acontecerá em Belo Horizonte e em outros seis municípios. Na capital, o grupo “Mulheres da Inconfidência” se reunirá na Praça 7, no Centro da capital, e de lá seguirá para a Praça da Liberdade, onde os manifestantes vão se concentrar às 13h.

As manifestações deste domingo estão sendo chamadas de “esquenta” pelos organizadores, que aguardam uma decisão dos deputados sobre o adiamento ou a manutenção do recesso parlamentar para definir a data de uma próxima grande manifestação.

“Acredito que esse grande protesto será marcado, provavelmente, somente para o início do ano que vem”, diz o publicitário Max Fagundes, um dos organizadores do movimento “Vem Pra Rua” em Minas.

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de marcar para quarta-feira (16) sua posição sobre a legalidade ou não da escolha da Comissão Especial de Impeachment por meio de voto secreto, suspendendo até lá o andamento do processo na Câmara dos Deputados, deixa o cenário ainda mais imprevisível.

Decisivo

Mas, para especialistas, a voz das ruas será determinante no desenrolar do processo. “Problemas com a base eleitoral e pressão política são pontos que podem afetar a decisão dos cerca de 70 deputados que não votaram na eleição das chapas da comissão. A maioria dos parlamentares tem um mínimo de clareza sobre o impeachment, mas as pressões também podem alterar este quadro”, afirma o cientista político e professor do Ibmec Oswaldo Dehon.

Os líderes dos partidos de oposição consideram as mobilizações contra a presidente Dilma determinantes para que o impeachment avance na Casa. No entanto, as manifestações de hoje não terão este peso, na avaliação do deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG), presidente estadual do partido.

“O processo está um pouco confuso neste momento. Está parado no Supremo. E a dúvida é sobre quanto tempo isso vai demorar. A partir do momento que estiver na fase de votação, aí sim a manifestação terá peso. Mas isso, acredito, só acontecerá em fevereiro”.

Os ativistas pretendem também mapear os deputados que se dizem contra o impedimento para pressioná-los nas bases eleitorais e redes sociais.

“A intenção das manifestações deste domingo é organizar grupos, mobilizar as pessoas e mostrar como pressionar os deputados. Vamos coordenar essas ações para que uma grande quantidade de pessoas pressione no mesmo momento e isso cause um impacto. Político tem medo de perder voto”, argumenta o estudante Ivan Günther, à frente do “Movimento Brasil Livre”.

arte - protestos contra e a favor de dilma

Sindicatos e movimentos sociais aproveitam sessão do Supremo para denunciar golpe

Do outro lado, centrais sindicais, movimentos sociais e o Partido dos Trabalhadores organizam um manifesto para impedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff, chamado por eles de “golpe”. Segundo representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), durante os atos marcados para a quarta-feira (16) em todo o país, os manifestantes pedirão a defesa da democracia, a cassação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e mudanças na política econômica.

“É fundamental a presença da população nas ruas, se colocando contra o que está acontecendo. O Congresso está dominado por uma maioria conservadora e corrupta, capitaneado por um cidadão que deveria estar preso, mas o Ministério Público, infelizmente, não toma uma decisão rápida. Portanto, a República não pode ficar a mercê de um chantagista”, disparou o deputado estadual Rogério Corrêa (PT), que é coordenador estadual da Frente Brasil Popular, uma das entidades que organizam os protestos.

Em Belo Horizonte, o grupo se concentrará na Praça Afonso Arinos, Centro da capital, às 17h, e seguirá para as praças 7 e da Estação. “A Praça Afonso Arinos é o local onde sempre nos reunimos. Era lá que a população lutava contra o golpe militar, a ditadura e posturas que feriam o processo democrático. É um local simbólico”, disse Rogério Corrêa.

O deputado petista informou ainda que representantes de partidos como PMDB e PCdoB também devem participar do ato em Belo Horizonte.

Crítica

Apesar de apoiar o governo, os movimentos não deixam de criticar a atual política econômica. De acordo com o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, o ato programado para o dia 16 é contra o impeachment, mas nem por isso deixarão de cobras mudanças. “Os mesmos movimentos organizados para este protesto estiveram, durante todo o ano, fazendo atos contra o ajuste fiscal e falando da importância das reformas estruturais”. “Não estamos conclamando somente os movimentos sociais, mas também os democratas, progressistas e os que querem impedir o golpe”, disse Gilmar Mauro, coordenador do Movimento Sem Terra (MST).

*Com agências