terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Para Cunha, Lava Jato poupa PT e mira em políticos do PMDB

15/12/2015 14h48 - Atualizado em 15/12/2015 15h07

Polícia Federal cumpriu mandados de busca na casa de Cunha e na Câmara.
Ele disse considerar 'nada de mais' a operação; Cunha disse estar tranquilo.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta terça-feira (15), que a Operação Lava Jato poupa políticos do PT e mira no PMDB. O deputado concedeu entrevista coletiva horas após a Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão em sua residência oficial em Brasília, em sua casa e em seu escritório no Rio de Janeiro. A ação, batizada de Catilinárias, faz parte das investigações da Operação Lava Jato.
Ao menos 12 policiais e três viaturas foram deslocados para a casa de Cunha em Brasília, que fica na Península dos Ministros. Segundo a PF, a busca na casa do presidente da Câmara durou mais de cinco horas. Os agentes chegaram ao local por volta das 6h e foram recebidos pelo próprio deputado.
"Todo dia tem a roubalheira do PT sendo fotografada e de repente fazem uma operação do PMDB. Tem alguma coisa estranha no ar", afirmou Cunha, que se disse "tranquilo" e "absolutamente inocente".
Assim como nas outras ocasiões em que esteve no foco das investigações da Operação Lava Jato, o presidente da Câmara voltou a afirmar que não irá renunciar ao cargo.
Cunha também disse que causou "estranheza" a realização da operação no mesmo dia em que foi realizada reunião do Conselho de Ética para analisar seu processo e na véspera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do processo de impeachment. Mesmo assim, o peemedebista disse que considera "nada de mais" a ação da PF.
"Houve 53 mandados de busca e apreensão. Entre eles, em três endereços meus. Minha residência oficial em Brasília, minha residência no Rio de Janeiro e no meu escritótio. Até aí, nenhum problema. Nada de mais, faz parte do processo investigativo", disse.
"O que estranho é a gente estar no momento no dia que vai ter o Conselho de Ética e na véspera da decisão do processo de impeachment e de repente deflagram uma operação. A denúncia foi feita quatro meses atrás", complementou o deputado.
O presidente da Câmara também acusou o governo de buscar "revanchismo" e de querer desviar a "atenção da mídia" do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Governo quer desviar a mídia do processo de impeachment e colocar em mim e ao pmdb a concentração dos atos [investigados pela Operação Lava Jato]. [...] Nada mais natural do que ele querer buscar revanchismo", acusou Cunha, que é declaradamente adversário político do governo Dilma.
PMDB
A Operação Catilinárias, deflagrada nesta terça, teve como foco principal políticos filiados e ligados ao PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer, e que detém a maior bancada na Câmara dos Deputados.
Além de Cunha, foram alvos da operação os ministros, Celso Pansera (PMDB-RJ), de Ciência e Tecnologia, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo; e o deputado Federal Aníbal Gomes (PMDB-CE).
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também encaminhou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, uma solicitação para entrar na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). No entanto, o magistrado da Corte negou autorização para a Polícia Federal (PF) apreender documentos e outras provas na residência de Renan.
A PF também cumpriu mandado na sede do PMDB em Alagoas, reduto eleitoral de Renan Calheiros. Apesar de não ser alvo direto da operação, a Procuradoria Geral da República fechou o cerco em torno do peemedebista. Das mais de cinco dezenas de ações da Polícia Federal nesta terça, ao menos duas miraram pessoas ligadas a Renan Calheiros: o deputado Aníbal Gomes e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

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