quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pressão popular

Márcio Doti
Márcio Doti
mdoti@hojeemdia.com.br
   

10/12/2015

Corremos o risco de que a longa discussão em torno dos processos da presidente Dilma e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, se ponham acima dos fatos graves que desfilaram diante de nós, expondo roubalheiras gigantescas, tramoias inimagináveis juntando homens públicos, empresários, estatais brasileiras e grandes empreiteiras. É claro que, ao final, tudo está relacionado. Cuida-se do processo de impeachment de uma presidente que esteve em todas as fases dos escândalos envolvendo a Petrobras, o BNDES e aqueles que ela própria produziu ao praticar pedaladas orçamentárias e incompetência governamental ao ponto de levar o país a dormir um dia na expectativa de um saldo positivo em suas contas, na ordem de R$50 bilhões, e acordar no dia seguinte com o governo pedindo autorização para oficializar, sem punição, nada menos do que um saldo negativo de R$120 bilhões.
O processo de impeachment da presidente Dilma e um outro propondo a cassação de mandato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, despertam mais atenções pela sucessão de lances praticados de lado a lado, buscando fugir da punição ou no mínimo retardar o processo. O receio natural é que isso tire do foco da opinião pública os processos que andam na Justiça contra aqueles tantos que sangraram cofres públicos e fizeram negócios paralelos valendo milhões e bilhões de reais. O país precisa recuperar esse dinheiro, os brasileiros querem ver na cadeia os que foram tão longe e lesaram tanto o patrimônio público.
O receio é válido porque os fatos dos últimos anos estão mostrando o quanto são capazes os que manobram para ludibriar o povo, fazendo o papel de inocentes ou bravos defensores dos pobres e oprimidos, enquanto, na verdade, desviam de suas finalidades os milhões de reais que tomam o endereço de seus próprios bolsos. Contra isso e para que não haja risco de impunidade, é indispensável que o povo esteja atento, que continue acompanhando o desenrolar dos fatos envolvendo impeachment e cassação, mas que também acompanhe a sequência do trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça.
Os fatos que socorrem o interesse público são aqueles que estão vindo da crise econômica gigantesca e incontrolável. A inflação atinge ponto mais alto desde 2003 e o desemprego continua avançando por consequência da situação difícil enfrentada pelas empresas do país. O cidadão alcançado no bolso, com dificuldade para abastecer a sua despensa, para custear a sua mesa e as outras despesas essenciais é alguém que já percebeu o quanto precisa estar atento, atender ao apelo das ruas, fazer da pressão uma ferramenta de impor respeito e garantir punição, tanto aos que ocupando altos cargos levaram o país a lugar tão sofrido, quanto também os que meteram a mão, se fartaram de milhões de reais e dólares. Estes, precisam devolver o que tiraram e pagar pelo atraso a que submeteram os brasileiros. São muitos os que têm que pagar pelo retrocesso imposto ao país em todas as frentes.

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