Todos estão agora de olho nas ruas
- Sexta-feira, 11/12/2015, às 07:09,
por Helio Gurovitz - G1
- As manifestações convocadas para o próximo domingo, em apoio
ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, e para a próxima
quarta-feira, contra o impeachment, serão decisivas para determinar
o andamento do processo em Brasília. Não há impeachment sem apoio
popular, e a força das ruas contribuirá para cristalizar as
decisões nas mentes de atores ainda em dúvida.
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Por ora, dois fatores estão ainda em aberto. O primeiro é a
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do assunto.
Marcada para a próxima quarta-feira, a votação sobre o relatório
do ministro Luiz Edson Fachin (foto) poderá dar andamento ou
paralisar a formação tumultuada da Comissão Especial do
Impeachment na Câmara. Caso Fachin dê ouvido às queixas do PCdoB
e os demais ministros concordem com ele, ou caso algum dos ministros
decida pedir vista do processo, tudo ficará parado até a volta do
recesso parlamentar e judiciário em fevereiro.
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O segundo fator é o mais importante, o PMDB. O partido do
vice-presidente Michel Temer está rachado em relação à questão,
mas caminha progressivamente na direção do apoio ao impeachment.
Alguns sinais comprovam isso. A carta privada de Temer a Dilma que
se tornou pública, em que ele se dizia desprezado pelo governo, no
papel de “vice decorativo”. A substituição do líder do
partido na Câmara, Leonardo Picciani, por seu xará mineiro
Leonardo Quintão, mais propenso a indicar deputados pró-impeachment
para a comissão especial. A disposição do partido em convocar uma
convenção extraordinária para janeiro, para romper oficialmente
com o governo.
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Brasília ferve. O clima de briga de rua contamina cada manobra
protelatória do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para evitar
que a Comissão de Ética da Câmara tome alguma decisão a respeito
da acusação de que ele tenha quebrado o decoro ao mentir a
respeito de suas contas na Suíça. Deputados volta e meia partem
para xingamentos, agressões físicas e destruição dos
equipamentos de votação eletrônica (houve pelo menos dois
episódios só este mês). Decoro e ética são palavras que passam
longe do Congresso por estes dias. A tensão se espalhou até pela
festa de confraternização de fim de ano dos senadores, onde a
governista Kátia Abreu (PMDB) jogou um copo de vinho sobre o
oposicionista José Serra (PSDB), depois que Serra fez uma
brincadeira grosseira com ela.
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Com seu gesto de desespero ao acatar o pedido de impeachment depois
de tentar todo tipo de chantagem, Cunha logrou seu objetivo: deixou
Dilma em situação muito frágil. O desespero também é palpável
no governo, que não conseguiu nem 200 deputados na votação para
estabelecer a Comissão Especial. Será que, diante do avanço das
manifestações e do andamento do processo, Dilma teria os 171
necessários para evitar ser julgada? A perda de apoio oficial do
PMDB seria um golpe fatal, por isso os passos de Temer são tão
decisivos.
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Por receio de perder os poucos votos que ainda lhe garantem
sobrevida, o governo agora manobra para uma votação célere no STF
que permita resolver a questão ainda este ano. Mas tudo de que o
país precisa agora é calma e tranquilidade. Impeachment não é um
tema para decisões açodadas, e todos os ministros do Supremo sabem
muito bem disso. Todos olharão para as ruas no fim de semana antes
de tomar suas decisões.
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