sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A crise econômica ainda não deu trégua, o que podemos esperar para 2016?

por Samy Dana
 G1
Os últimos dias de dezembro e os primeiros de janeiro têm um efeito interessante em nossas vidas. Em geral, devíamos nos questionar e refletir sobre nossos rumos em qualquer época do ano, mas é neste período que colocamos o que fizemos na balança e traçamos metas para o ano que começa. É como se a cada virada tivéssemos uma nova chance de recomeço. 
Aproveitando este clima de virada, deixo aqui uma dica de filme que pode ser fundamental para essa reflexão. Quando pensamos em dinheiro, é comum idealizarmos o acúmulo: um carro novo, trocar de imóvel, melhorar o salário e, claro, quem não sonha em ganhar na Mega da virada? Mas a proposta hoje é diferente. Para quem deseja pensar em valores financeiros, o documentário "Living on one dollar" pode ser um tremendo aprendizado. 
O filme surgiu de um projeto experimental feito por quatro jovens universitários americanos, que buscavam entender melhor como comunidades garantiam a sobrevivência em situação de extrema pobreza. Por dois meses, eles viveram em Peña Blanca, um isolado vilarejo da Guatemala. 
A experiência mais enriquecedora para o grupo foi romper com a lógica que vivemos nos grandes centros, em que você precisa controlar o orçamento para pagar dívidas com o crédito e economizar para o futuro. Em vez disso, eles passaram a pensar no dinheiro como forma de garantir o mínimo para a sobrevivência. 
Neste contexto de escassez, os universitários também se surpreenderam com a força da solidariedade. Descobriram que as famílias da comunidade se organizavam para montar uma espécie de poupança coletiva, como forma de garantir o básico para todos. Através deste esforço coletivo, eles se asseguravam para bancar despesas médicas de emergência, fazer uma reforma ou mesmo realizar um casamento dentro da comunidade. Todas essas conquistas não seriam possíveis se as famílias não compartilhassem recursos. Diante da falta de dinheiro, dividir o pouco existente foi a forma encontrada por eles para se fortalecerem. 
No mesmo sentido, o filme também traz uma grande lição sobre uso responsável do crédito. Os empréstimos cedidos pelo banco rural da região eram direcionados para fomentar o empreendedorismo por necessidade. Cada centavo do empréstimo fazia diferença ao fim de cada dia. O uso racional do recurso é uma lição para nós, que aprendemos a duras penas a lidar com os revezes do crédito fácil e banalizado. 
Em tempos de crise econômica, mais do que desejar um novo ano com mais abundância, o documentário traz uma nova ótica para que enxerguemos na escassez uma forma de sermos mais criativos e responsáveis com os recursos que dispomos. 
Pelo ponto de vista econômico, 2016 ainda não será um ano de alívio. Portanto, se desejamos que estes 365 dias sejam positivos, o ideal é refletirmos sobre a sabedoria que precisamos ter para administrar nosso dinheiro. Neste momento, isso é mais valioso do que pensar em acúmulo de riqueza. Vamos em frente e feliz 2016 a todos!

Nenhum comentário: