G1
Os
últimos dias de dezembro e os primeiros de janeiro têm um efeito
interessante em nossas vidas. Em geral, devíamos nos questionar e
refletir sobre nossos rumos em qualquer época do ano, mas é neste
período que colocamos o que fizemos na balança e traçamos metas para o
ano que começa. É como se a cada virada tivéssemos uma nova chance de
recomeço.
Aproveitando
este clima de virada, deixo aqui uma dica de filme que pode ser
fundamental para essa reflexão. Quando pensamos em dinheiro, é comum
idealizarmos o acúmulo: um carro novo, trocar de imóvel, melhorar o
salário e, claro, quem não sonha em ganhar na Mega da virada? Mas a
proposta hoje é diferente. Para quem deseja pensar em valores
financeiros, o documentário "Living on one dollar" pode ser um tremendo
aprendizado.
O
filme surgiu de um projeto experimental feito por quatro jovens
universitários americanos, que buscavam entender melhor como comunidades
garantiam a sobrevivência em situação de extrema pobreza. Por dois
meses, eles viveram em Peña Blanca, um isolado vilarejo da Guatemala.
A
experiência mais enriquecedora para o grupo foi romper com a lógica que
vivemos nos grandes centros, em que você precisa controlar o orçamento
para pagar dívidas com o crédito e economizar para o futuro. Em vez
disso, eles passaram a pensar no dinheiro como forma de garantir o
mínimo para a sobrevivência.
Neste
contexto de escassez, os universitários também se surpreenderam com a
força da solidariedade. Descobriram que as famílias da comunidade se
organizavam para montar uma espécie de poupança coletiva, como forma de
garantir o básico para todos. Através deste esforço coletivo, eles se
asseguravam para bancar despesas médicas de emergência, fazer uma
reforma ou mesmo realizar um casamento dentro da comunidade. Todas essas
conquistas não seriam possíveis se as famílias não compartilhassem
recursos. Diante da falta de dinheiro, dividir o pouco existente foi a
forma encontrada por eles para se fortalecerem.
No
mesmo sentido, o filme também traz uma grande lição sobre uso
responsável do crédito. Os empréstimos cedidos pelo banco rural da
região eram direcionados para fomentar o empreendedorismo por
necessidade. Cada centavo do empréstimo fazia diferença ao fim de cada
dia. O uso racional do recurso é uma lição para nós, que aprendemos a
duras penas a lidar com os revezes do crédito fácil e banalizado.
Em
tempos de crise econômica, mais do que desejar um novo ano com mais
abundância, o documentário traz uma nova ótica para que enxerguemos na
escassez uma forma de sermos mais criativos e responsáveis com os
recursos que dispomos.
Pelo
ponto de vista econômico, 2016 ainda não será um ano de alívio.
Portanto, se desejamos que estes 365 dias sejam positivos, o ideal é
refletirmos sobre a sabedoria que precisamos ter para administrar nosso
dinheiro. Neste momento, isso é mais valioso do que pensar em acúmulo de
riqueza. Vamos em frente e feliz 2016 a todos!
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