terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Comidas picantes aumentam nossa longevidade, diz estudo

Tempo e saúde

Consumo frequente de alimentos apimentados aumenta em 14% as chances de viver mais

Jornal O Tempo
Londres, Reino Unido. Há quem diga que ela “rouba” o sabor de qualquer ingrediente e alguns são incapazes de entender como algo que “faz sofrer” possa ser bom. Mas para os que não conseguem viver sem o ardor e o prazer que só a comida apimentada pode proporcionar, a notícia é boa: ela era seria capaz de aumentar a longevidade. É o que demonstra um estudo publicado neste mês pela revista britânica de medicina “British Medical Journal”, que concluiu que quem consome comida picante quase todos os dias tem chances 14% maiores de viver mais tempo do que aquelas que o fazem menos de uma vez por semana.
A pesquisa foi realizada com 487.375 pessoas entre 30 e 79 anos (excluindo pacientes com câncer e doenças do coração) entre 2004 e 2008. Em uma média de 7,2 anos de acompanhamento, houve 11.820 mortes entre os homens e 8.404 entre as mulheres.
Os que sobreviveram tinham comido mais comida picante e tinham adoecido menos por câncer e problemas cardiorrespiratórios. A associação de uma vida mais longa com esse tipo de alimentação se ajustou com outra série de fatores de risco potenciais, e se descobriu que as porcentagens eram maiores entre aqueles que não bebiam álcool.
Porém, há um descenso entre os cientistas sobre a conclusão do estudo. “Minha opinião é a de que sempre é preciso contextualizar. O que nos proporciona uma maior longevidade é, em primeiro lugar, a genética, e, em segundo, o meio ambiente. Um elemento como a pimenta pode colaborar, mas o que importa é a vida em seu conjunto”, explica o presidente do Comitê Científico da Sociedade Espanhola de Nutrição Comunitária, Javier Aranceta.
Luis Miguel Luengo Pérez, membro do comitê que gerencia a Área de Nutrição da Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição (SEEN), afirma que essa pesquisa não apresenta conclusões de causalidade, mas que coloca uma hipótese que deve continuar sendo estudada. E ressalta um segundo ponto: “A taxa de mortalidade é inferior nos grupos de consumo meio-baixo e meio-alto de picantes, mas superior nos grupos tanto de consumo muito alto como muito baixo, por isso, poderíamos dizer que um consumo moderado desse tipo de tempero poderia estar relacionado com a menor mortalidade”.
É importante lembrar que os alimentos picantes contam com um composto químico chamado capsaicina, que, além de sua hipotética capacidade para prolongar a vida, se relaciona com múltiplos efeitos para a saúde. Um deles é que ajuda a emagrecer, segundo um estudo da Universidade de Tecnologia do Sul da China.
A capsaicina, que é a responsável pela sensação picante na boca, pelo calor e suor, acompanhados de rubor, lacrimejamento e aumento da produção de mucos, também acelera o ritmo cardíaco e o metabolismo, aumentando a temperatura do corpo e queimando calorias mais rapidamente, reduzindo reservas de gordura.
Capsaicina
Prós
Reduz a incidência de câncer e problemas cardiorrespiratórios.
Aumenta o metabolismo, favorecendo a queima de gordura e o emagrecimento.
Estimula a secreção de sucos gástricos e ajuda a melhorar a digestão. 

Contras
Pode favorecer a aparição ou agravar patologias digestivas, como a úlcera péptica e o refluxo gastresofágico.
Seu consumo frequente está relacionado com a colite ulcerosa, doença inflamatória do intestino grosso.
Estudo alerta para o risco de obesidade
Londres. Embora haja indícios dos benefícios da capsaicina, existem outros estudos que sustentam exatamente o contrário, provando que a comida picante aumenta o risco de obesidade, como demonstra um experimento publicado pela “BMC Public Health”.

“Os alimentos picantes podem favorecer a aparição ou agravar patologias digestivas relacionadas com o equilíbrio da mucosa protetora e a produção de ácido, como a úlcera péptica e o refluxo gastresofágico”, adverte o nutricionista Luis Miguel Luengo Pérez.

E um estudo recente do Departamento de Gastrenterologia do Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán, no México, demonstrou que o consumo frequente de molho picante está relacionado com a colite ulcerosa, doença inflamatória crônica do intestino grosso.

Apetite sexual aumenta com consumo de gengibre e açafrão
Londres.Tradicionalmente, a ingestão de comida picante é relacionada com o aumento do desejo sexual. Mas, na realidade, um prato de pimentas não leva ao sexo. Um estudo publicado na revista “Phisiology & Behavior” constatou que os homens que gostam desse tipo de alimento têm mais testosterona em seu organismo, um hormônio relacionado com a manutenção do desejo sexual.

Em 2011, entretanto, foi feita uma revisão de todas as pesquisas até o momento, publicada na “Food Research International”, que concluiu que o gengibre e o açafrão efetivamente despertam o desejo sexual. Mas não disse quais as quantidades mais efetivas e a frequência de consumo necessária.

Nenhum comentário: