sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Crise: Nem as viagens de fim de ano deram gás ao setor de oficinas

Com queda na venda de carros novos, mecânicos esperavam crescer 10%, mas demanda ficou estável

OFICINAS MECANICAS
Demanda fraca. Presidente do sindicato das oficinas, Carlos Ramon de Melo afirma que as pessoas têm evitado consertos e revisões
PUBLICADO EM 31/12/15 - 04h00
O ano de 2015 não saiu como o esperado para as oficinas mecânicas mineiras, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de Minas Gerais (Sindirepa-MG), Carlos Ramon de Melo. Ele conta que a previsão era de incremento de 10% nos negócios, mas a expectativa não se concretizou. “Não tivemos crescimento. No muito, ficou estável na comparação com 2014”, observa Melo.
A projeção de crescimento era baseada na redução de vendas de carros novos, que já vinha acontecendo em 2014. No ano passado, o recuo dos emplacamentos de carros de passeio e comerciais leves foi de 7,4% ante 2013. Na época, foi a maior queda desde 2002. Em 2013, também foi verificado retração, porém num ritmo menor (- 4%).
De janeiro a novembro de 2015, a indústria automobilística acumulou queda de 22,3% na produção de carros, caminhões e ônibus em relação ao mesmo período de 2014. Foram 2,28 milhões de unidades fabricadas. No ano passado, nesse intervalo, o Brasil já tinha entregado quase 3 milhões de carros, caminhões e ônibus. O nível de 2015 é o pior desde 2006.
Sem poder comprar um carro novo, a lógica é que o movimento nas oficinas aumentasse. “Só que o cenário é de pessoas postergando o conserto e, em muitos casos, usando o carro mesmo com amassados e arranhões. Enquanto a pessoa puder rodar com o carro, vai rodar. Logo, adia a ida às oficinas”, analisa.
Se o conserto e as revisões são feitas só em último caso, quando se trata de lanternagem e pintura a situação se agrava, já que não são áreas consideradas de primeira necessidade para a maioria dos proprietários de carros.
Segundo Melo, com menos dinheiro ou mesmo com receio dos rumos da economia, as pessoas estão mudando os seus hábitos, com o objetivo de economizar. Logo, chegam a deixar o carro em casa e passam a usar o transporte público. “A renda caiu e o desemprego aumentou. Até o consumo de combustível diminuiu no país”, destaca.
Sem salvação. E nem o fim de ano foi capaz de ajudar o setor, com as típicas revisões para viagens. “As oficinas estão sentindo a ausência dos clientes em dezembro, mês tradicionalmente bom”, analisa Melo.


Dezembro registra queda de até 20% 


As festividades de fim de ano não estão alavancando os negócios nas oficinas em Belo Horizonte. “No ano passado, nesta época, a agenda estava lotada até 10 de janeiro, o que não aconteceu neste ano. É fato que a procura está menor”, conta o proprietário do Centro Automotivo Barretos, João Barreto Lima. Em dezembro, o recuo no movimento está na casa dos 15% na comparação com 2014. “O motivo é a crise, que traz insegurança. Muita gente já deixou de usar o carro”, diz. No acumulado do ano, o recuo varia de 15% a 20%.
 
O empresário observa que a redução das idas ao mecânico contribui para tornar as ruas mais inseguras, já que as revisões preventivas não são feitas. “Tem gente negligenciando até a troca de pneus”, diz.
 
Para ele, a situação só vai melhorar quando o país superar a crise política. “Hoje, o que prevalece é a incerteza, tanto para empresários quanto para a população. Mesmo com dinheiro, muita gente tem receio de gastar e ficar sem ele depois”, analisa.
 
Na Pinguim, a procura por revisão de férias também não decolou, de acordo com o proprietário da oficina, Paulo Fidelis. “Ainda está estável na comparação com 2014”, diz.
 
Para Fidelis, um dos motivos para a procura fraca é que, por receio, diante do cenário de crise, muita gente está evitando fazer viagens. “Agora também tem o fato de que muita gente acaba viajando de avião”, observa. Já no segmento de ar-condicionado, o movimento está melhor na comparação com o de mecânica. 

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