Com queda na venda de carros novos, mecânicos esperavam crescer 10%, mas demanda ficou estável
Demanda
fraca. Presidente do sindicato das oficinas, Carlos Ramon de Melo afirma
que as pessoas têm evitado consertos e revisões
PUBLICADO EM 31/12/15 - 04h00
O ano de 2015 não saiu como o esperado para as oficinas mecânicas
mineiras, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de
Veículos e Acessórios do Estado de Minas Gerais (Sindirepa-MG), Carlos
Ramon de Melo. Ele conta que a previsão era de incremento de 10% nos
negócios, mas a expectativa não se concretizou. “Não tivemos
crescimento. No muito, ficou estável na comparação com 2014”, observa
Melo.
A projeção de crescimento era baseada na redução de vendas de carros
novos, que já vinha acontecendo em 2014. No ano passado, o recuo dos
emplacamentos de carros de passeio e comerciais leves foi de 7,4% ante
2013. Na época, foi a maior queda desde 2002. Em 2013, também foi
verificado retração, porém num ritmo menor (- 4%).
De janeiro a novembro de 2015, a indústria automobilística acumulou
queda de 22,3% na produção de carros, caminhões e ônibus em relação ao
mesmo período de 2014. Foram 2,28 milhões de unidades fabricadas. No ano
passado, nesse intervalo, o Brasil já tinha entregado quase 3 milhões
de carros, caminhões e ônibus. O nível de 2015 é o pior desde 2006.
Sem poder comprar um carro novo, a lógica é que o movimento nas
oficinas aumentasse. “Só que o cenário é de pessoas postergando o
conserto e, em muitos casos, usando o carro mesmo com amassados e
arranhões. Enquanto a pessoa puder rodar com o carro, vai rodar. Logo,
adia a ida às oficinas”, analisa.
Se o conserto e as revisões são feitas só em último caso, quando se
trata de lanternagem e pintura a situação se agrava, já que não são
áreas consideradas de primeira necessidade para a maioria dos
proprietários de carros.
Segundo Melo, com menos dinheiro ou mesmo com receio dos rumos da
economia, as pessoas estão mudando os seus hábitos, com o objetivo de
economizar. Logo, chegam a deixar o carro em casa e passam a usar o
transporte público. “A renda caiu e o desemprego aumentou. Até o consumo
de combustível diminuiu no país”, destaca.
Sem salvação. E nem o fim de ano foi capaz de
ajudar o setor, com as típicas revisões para viagens. “As oficinas estão
sentindo a ausência dos clientes em dezembro, mês tradicionalmente
bom”, analisa Melo.
Dezembro registra queda de até 20%
Dezembro registra queda de até 20%
As festividades de fim de ano não estão
alavancando os negócios nas oficinas em Belo Horizonte. “No ano passado,
nesta época, a agenda estava lotada até 10 de janeiro, o que não
aconteceu neste ano. É fato que a procura está menor”, conta o
proprietário do Centro Automotivo Barretos, João Barreto Lima. Em
dezembro, o recuo no movimento está na casa dos 15% na comparação com
2014. “O motivo é a crise, que traz insegurança. Muita gente já deixou
de usar o carro”, diz. No acumulado do ano, o recuo varia de 15% a 20%.
O empresário observa que a redução das idas ao
mecânico contribui para tornar as ruas mais inseguras, já que as
revisões preventivas não são feitas. “Tem gente negligenciando até a
troca de pneus”, diz.
Para ele, a situação só vai melhorar quando o
país superar a crise política. “Hoje, o que prevalece é a incerteza,
tanto para empresários quanto para a população. Mesmo com dinheiro,
muita gente tem receio de gastar e ficar sem ele depois”, analisa.
Na Pinguim, a procura por revisão de férias
também não decolou, de acordo com o proprietário da oficina, Paulo
Fidelis. “Ainda está estável na comparação com 2014”, diz.
Para Fidelis, um dos motivos para a procura
fraca é que, por receio, diante do cenário de crise, muita gente está
evitando fazer viagens. “Agora também tem o fato de que muita gente
acaba viajando de avião”, observa. Já no segmento de ar-condicionado, o
movimento está melhor na comparação com o de mecânica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário