terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Dúvida agora recai sobre o novo piso do professorado

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
  
05/01/2016

Num claro sintoma do que vem por aí, o governo mineiro começa o ano com indicadores negativos na área econômica e administrativa. Junto do desligamento dos cerca de 60 mil servidores da Lei 100 (da Educação pública), o Estado acumulou outros dois desgastes em um só dia: a confirmação do atraso em cinco dias após o quinto dia útil deste mês, conforme antecipado nesta coluna no último dia 30 de dezembro, e o pedido de demissão do presidente da Cemig, a maior empresa pública mineira, Mauro Borges. Tudo somado, o saldo é um balde de água fria naqueles votos de “próspero ano novo” que, certamente, envolveram o Palácio da Liberdade e a Cidade Administrativa nos últimos dias. 
 
Desde o dia 1º, o governo conta com aumento de imposto de quase 200 produtos, pagamento do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), mas a realidade tem sido mais dura do que o planejado. Esperava-se o agravamento a partir de abril, para quando o escalonamento de salários estava sendo planejado. Diante disso, estão todos perguntando, agora, se o governador Fernando Pimentel (PT) terá condições de cumprir a nova lei, aprovado em sua gestão, e pagar o novo piso salarial nacional do professorado a partir deste mês. 
 
Sinuca de bico
 
Dificilmente, o governador aceitará o pedido de demissão de Mauro Borges da maior empresa do Estado, que, numa visão modesta, vale mais do que seis secretarias estaduais juntas. A estatal possui hoje mais de 200 empresas espalhadas por Minas, pelo país (Rio, Ceará, São Paulo e Bahia) e pelo mundo (Chile), mais de 12 mil empregados e 14 milhões de consumidores, dos quais a metade em Minas. 
 
Pelo perfil do cargo e de sua importância para o governo e para governar (antecipa dividendos e créditos tributários milionários), Pimentel não abrirá mão de ter ali um amigo em potencial como Borges e um quadro qualificado que não encontrará entre os aliados. Não há confirmação da saída nem dos motivos, mas a suspeita de envolvimento com a operação Acrônimo, conduzida pela Polícia Federal, que investiga desvios e caixa 2 eleitoral, enfraqueceu gravemente o presidente em exercício, além de deixá-lo abatido e insatisfeito.
 
Na última semana do ano, os ruídos estavam fortes, depois refluíram, mas nessa segunda a notícia se espalhou pelo mercado. O momento não poderia ser pior para a estatal, quando três de suas usinas (Jaguara, Madeira e São Simão) correm sérios riscos de perda de concessão. 
 
AMMP reclama de atraso salarial
 
A primeira queixa contra o atraso no pagamento de salários no Estado veio da Associação Mineira do Ministério Público (AMMP). Empossado nessa segunda, pela terceira vez, como presidente da Associação, o promotor José Silvério Perdigão abriu a gestão reivindicando melhor tratamento do governo do Estado para com a classe, que, pela primeira vez nos últimos anos, receberá os vencimentos com alguns dias de atraso nesta sexta-feira (8), quinto dia útil do mês. 
 
Apelou até mesmo ao procurador-geral de Justiça, Carlos Bittencourt, que não estava presente. A maioria dos servidores públicos do Executivo receberá no dia 13, cinco dias depois do quinto dia útil, sob o argumento de déficit no caixa em função da baixa arrecadação.

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