terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Eleições críticas

  
19/01/2016


Ao que tudo indica, em 2016 viveremos mais uma “eleição crítica”, em que se criam oportunidades para realinhamentos eleitorais e partidários. Desde a Constituição de 1988, passaram-se sete eleições gerais e seis eleições municipais e, entre estes 13 pleitos, apenas um foi considerado por analistas como uma “eleição crítica”.
O fato se deu em 2006, quando pela primeira vez houve uma distinção no voto entre os que detinham mais recursos e moravam no Sul e Sudeste, daqueles que detinham menos recursos e moravam no Norte e Nordeste. Foi nesta eleição que a polarização PT e PSDB, que vinha se acentuando, tornou-se hegemônica no território nacional.
Desde aquela eleição, o tema da corrupção e o tamanho do Estado têm gerado uma segmentação forte entre os eleitores brasileiros. Os mais críticos em relação à corrupção se afastaram do PT desde que a sua imagem foi maculada pelo episódio do mensalão, seja na direção de partidos de direita ou de outros mais à esquerda no espectro partidário.
De outro lado, o contingente que já não gostava do PT por questionar suas políticas sociais veio aumentando pleito após pleito, gerando uma polarização cada vez maior com o principal partido de oposição, o PSDB. A disputa entre PT e PSDB marcou as eleições presidências e foi também tema em vários pleitos estaduais e centenas de disputas municipais.
Não há dúvidas que o partido que mais ascendeu na política brasileira nos últimos tempos, o PT, passará por uma crise nos próximos pleitos. Os escândalos de corrupção, somados ao baixo crescimento econômico, desemprego e inflação crescentes, fazem com que o capital eleitoral do partido fique bastante debilitado.
Se até 2014 disputar uma eleição pelo PT era um bônus para os candidatos, permitindo sair na disputa com uma vantagem sobre os demais adversários, em 2016 e, provavelmente, nos próximos pleitos será um ônus com os candidatos do partido enfrentando uma rejeição inerente ao Partido dos Trabalhadores. Em outras palavras, se ser do PT antes era uma vantagem, agora vai ser uma desvantagem para os candidatos.
Porém, apenas essa mudança no PT não seria suficiente para gerar uma nova eleição crítica, pois seria natural que o principal partido de oposição ganhasse o que o PT vem perdendo. Acontece que não é isto o que vem acontecendo na política brasileira. A disputa não se dá como um jogo de soma zero, onde o PSDB ganha o que o PT perde.
No cenário atual, o eleitor está muito insatisfeito com o que o PT tem entregue, mas também não vê expectativas de melhoras caso o PSDB esteja no poder. Sendo assim, os candidatos têm que se preparar para lidar com novas escolhas.
Em 2016, podemos ter a ascensão de petistas que não defendem o partido, de candidatos do PSDB com um discurso diferente daquele que tem sido propagado em Brasília e que não tem agradado ao eleitor, ou de membros de novos partidos com uma nova proposta de fazer política.
Por tudo isso, ao que tudo indica, teremos neste ano mais uma “eleição crítica”, ou seja, diminuição da polarização PT X PSDB e a oportunidade de surgimento de novos protagonistas.
*Doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/m-blogs/opini%C3%A3o-1.268900/elei%C3%A7%C3%B5es-cr%C3%ADticas-1.373610

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