quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Justiça pode poupar Pimentel

Márcio Doti
Márcio Doti
mdoti@hojeemdia.com.br
  

13/01/2016

O relator da Operação Acrônimo no STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Herman Benjamin, vai decidir a sorte do governador Fernando Pimentel quanto ao pedido da Polícia Federal de seu indiciamento sob suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O pedido tem parecer contrário da vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, sob o argumento de que não cabe à Polícia Federal indiciar autoridades com prerrogativa de função no STJ. Diz, ainda, que a legislação não prevê que o Ministério Público Federal autorize a realização desse tipo de procedimento inquisitorial. O despacho da procuradora foi feito no último dia 11 de dezembro. Resta saber que destino terão todas as provas levantadas pela polícia para fundamentar seu pedido e se mandato de governador livra de julgamento quem é acusado de crimes.
 
Na verdade, o que a Polícia Federal está pedindo é que seja autorizada a ouvir Fernando Pimentel e, se for o caso, que ocorra o seu indiciamento pelos crimes apontados. Como se sabe, o governador Fernando Pimentel é alvo da Operação Acrônimo, que apura indícios de ilegalidades em sua campanha ao governo de Minas, em 2014. O governador enfrenta processo na Justiça Eleitoral por ter excedido em R$10 milhões os seus gastos da campanha eleitoral, havendo, inclusive, um pedido de perda de mandato por essa razão.
 
A Operação Acrônimo teve início quando a Polícia Federal foi avisada de que pousaria em Brasília um avião levando alta importância em dinheiro vivo. Por essa informação o DPF conseguiu apreender mais de R$100 mil no avião do amigo de Pimentel e de Carolina de Oliveira, o empresário Benedito Oliveira, acusado de ser intermediador do governador de Minas em outra operação da Polícia Federal, a Operação Zelotes, que investiga suspeitas de compra de medidas provisórias e de favorecimento a empresas com empréstimo do BNDES no período em que Fernando Pimentel comandava o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O banco é acusado de vários outros favorecimentos em financiamentos, inclusive, às empreiteiras Odebrecht, OAS e ao Grupo JBS Friboi, tidos como os maiores financiadores das campanhas eleitorais de 2014.
 
Se o governador de Minas vai escapar de mais esta é o que dirão a Procuradoria da República e o ministro relator do STJ. Por enquanto, o que se tem é o despacho da procuradora que afirma ser de responsabilidade do Ministério Público a decisão sobre o “momento oportuno” para marcar eventuais depoimentos bem como requerer diligências para a investigação.

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