Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
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O PT mineiro, especialmente o de Belo Horizonte, deveria pensar como
partido e não como governo diante da proximidade das eleições municipais
deste ano. Ainda que não haja petista altruísta capaz de encarar a
disputa municipal, o partido não pode ficar sem um cabeça de chapa
(candidato a prefeito) para fazer o debate e a própria defesa, já que,
como é sabido, o bombardeio será intenso. Se o PT não falar por si, quem
o fará? Os aliados é que não.
Também é sabido que o debate político em uma campanha eleitoral é quase
a única oportunidade da qual a população e o cidadão participam
intensamente. Ficar de fora é risco maior. Em resumo, lançar candidato e
perder é normal e desgaste é menor do que não participar, que é sintoma
de omissão e de culpa. Esse é um dos desafios de ser partido, ganhar ou
perder, e não deveria ficar atrelado a estratégias de governos, como
está acontecendo hoje em Minas e na capital mineira.
Ninguém duvida de que o alto desgaste do PT sugere derrota eleitoral,
mas os danos podem ser minimizados com a disputa. A sobrevivência
política fala mais alto, como já manifestaram os vereadores da capital.
De maneira geral, é claro, é preciso haver identidade e afinidade
mínimas com o partido e o governo desse partido, de modo que a crise
externa não vire também interna. Ainda nessa terça, a Executiva Nacional
do PT discutiu, em Brasília, a conjuntura político-econômica e as
eleições municipais de outubro de 2016.
Junto das denúncias ainda em apuração da operação “Lava Jato”, que
investiga esquema de desvios na Petrobras, a relação com o governo, do
qual é o mandatário, é outro ônus para os petistas. Os efeitos danosos
da economia não poupam ninguém, ainda que o PT defenda guinadas ou
cavalos de pau. Se o partido tivesse algum especialista na área,
provavelmente, indicaria o ministro da Fazenda. Tão graves como os
efeitos são as medidas que mexam em vespeiros, como direitos
trabalhistas e mudanças na previdência.
A presidente Dilma Rousseff (PT) já disse que a reforma da Previdência
está em estudo como uma das medidas de ajuste para garantir a
estabilidade econômica e a retomada do crescimento. Porém, para fazê-la,
tal como a recriação da CPMF, dependerá da credibilidade do governo e
de seu poder político no Congresso Nacional para defender mudanças
complexas como essas.
Em vez de pressionar o governo por mudanças heterodoxas, os petistas
terão que defendê-lo durante os ataques na campanha eleitoral. Tudo
somado, é preciso agir rápido para não perder quadros partidários,
porque, no próximo mês, deverá ser aberta nova janela partidária, a
partir de promulgação da emenda constitucional, permitindo a migração
sem risco de perda de mandato.
Obrigação é dos rivais
Voltando à disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, uma observação é
favorável ao PT. O partido e o governador Fernando Pimentel (PT) não têm
a obrigação de ganhar como têm, por exemplo, o prefeito Marcio Lacerda
(PSB), que tem o controle da máquina, e seu aliado, o senador Aécio
Neves, presidente nacional do PSDB, que trata a capital mineira como
base de sustentação de seus projetos presidenciais.
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