quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

PT não pode entrar derrotado em eleição que nem começou


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
   

27/01/2016

O PT mineiro, especialmente o de Belo Horizonte, deveria pensar como partido e não como governo diante da proximidade das eleições municipais deste ano. Ainda que não haja petista altruísta capaz de encarar a disputa municipal, o partido não pode ficar sem um cabeça de chapa (candidato a prefeito) para fazer o debate e a própria defesa, já que, como é sabido, o bombardeio será intenso. Se o PT não falar por si, quem o fará? Os aliados é que não.
 
Também é sabido que o debate político em uma campanha eleitoral é quase a única oportunidade da qual a população e o cidadão participam intensamente. Ficar de fora é risco maior. Em resumo, lançar candidato e perder é normal e desgaste é menor do que não participar, que é sintoma de omissão e de culpa. Esse é um dos desafios de ser partido, ganhar ou perder, e não deveria ficar atrelado a estratégias de governos, como está acontecendo hoje em Minas e na capital mineira. 
 
Ninguém duvida de que o alto desgaste do PT sugere derrota eleitoral, mas os danos podem ser minimizados com a disputa. A sobrevivência política fala mais alto, como já manifestaram os vereadores da capital. De maneira geral, é claro, é preciso haver identidade e afinidade mínimas com o partido e o governo desse partido, de modo que a crise externa não vire também interna. Ainda nessa terça, a Executiva Nacional do PT discutiu, em Brasília, a conjuntura político-econômica e as eleições municipais de outubro de 2016.
 
Junto das denúncias ainda em apuração da operação “Lava Jato”, que investiga esquema de desvios na Petrobras, a relação com o governo, do qual é o mandatário, é outro ônus para os petistas. Os efeitos danosos da economia não poupam ninguém, ainda que o PT defenda guinadas ou cavalos de pau. Se o partido tivesse algum especialista na área, provavelmente, indicaria o ministro da Fazenda. Tão graves como os efeitos são as medidas que mexam em vespeiros, como direitos trabalhistas e mudanças na previdência.
 
A presidente Dilma Rousseff (PT) já disse que a reforma da Previdência está em estudo como uma das medidas de ajuste para garantir a estabilidade econômica e a retomada do crescimento. Porém, para fazê-la, tal como a recriação da CPMF, dependerá da credibilidade do governo e de seu poder político no Congresso Nacional para defender mudanças complexas como essas.
 
Em vez de pressionar o governo por mudanças heterodoxas, os petistas terão que defendê-lo durante os ataques na campanha eleitoral. Tudo somado, é preciso agir rápido para não perder quadros partidários, porque, no próximo mês, deverá ser aberta nova janela partidária, a partir de promulgação da emenda constitucional, permitindo a migração sem risco de perda de mandato.
 
Obrigação é dos rivais
 
Voltando à disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, uma observação é favorável ao PT. O partido e o governador Fernando Pimentel (PT) não têm a obrigação de ganhar como têm, por exemplo, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), que tem o controle da máquina, e seu aliado, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, que trata a capital mineira como base de sustentação de seus projetos presidenciais. 


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