Radical
Professores de duas universidades nos EUA comemoram resultados nas pesquisas com animais
Morte é o fim? Técnicas de ressuscitação de pacientes são pesquisadas há tempos pela medicina
PUBLICADO EM 07/11/14 - 04h00 - O Tempo
Nova York, EUA. Professores
de medicina das universidades do Arizona e de Maryland, nos Estados
Unidos, estão causando frisson na comunidade científica mundial com uma
técnica radical de ressuscitação de pessoas clinicamente mortas. Após
testes bem-sucedidos com animais, eles obtiveram autorização para testar
em humanos a “suspensão” da morte.
O procedimento desenvolvido por Samuel Tisherman, de Maryland,
baseia-se na ideia de que baixas temperaturas mantêm o corpo vivo por
mais tempo – cerca de uma ou duas horas. Funciona da seguinte forma: o
sangue é retirado e no seu lugar é colocada uma solução salina que ajuda
a rebaixar a temperatura do corpo para algo como 10 a 15 graus Celsius.
Quando o problema no corpo do paciente é resolvido, o sangue volta a
ser bombeado, reaquecendo lentamente o sistema. Quando a temperatura do
sangue chega a 30 graus, o coração volta a bater.
Segundo relato publicado pela rede BBC, em experiência com porcos,
cerca de 90% deles se recuperaram quando o sangue foi bombeado de volta.
Cada animal passou mais de uma hora no “limbo”.
“Quando seu corpo está com temperatura de 10 graus, sem atividade
cerebral, batimento cardíaco e sangue – é um consenso que você está
morto”, disse o professor Peter Rhee, da Universidade do Arizona, à BBC.
“Mas, ainda assim, nós conseguimos trazer você de volta.”
Rhee se uniu a Tisherman para comprovar que é possível manter o corpo
em estado suspenso por horas. Eles admitem que o procedimento é bastante
radical, mas acreditam que, diante dos bons resultados com porcos, que
tiveram baixíssimos efeitos colaterais ou danos nos cérebros, a técnica
tem tudo para ser bem-sucedida também em humanos.
O desafio de obter permissão para testar em humanos tem sido enorme até
agora. Mas finalmente Tisherman e Rhee receberam permissão para testar
sua técnica com vítimas de tiros em Pittsburgh. Eles querem usar
pacientes cujos corações já pararam de bater e que não teriam mais
chances de sobreviver, pelas técnicas convencionais.
“Quando as pessoas pensam no assunto, elas pensam em viajantes
espaciais sendo congelados e acordados em Júpiter, ou no (personagem)
Han Solo, de Guerra nas Estrelas. Isso não ajuda, porque é importante
que as elas saibam que não se trata de ficção científica”, disse à BBC.
De acordo com a reportagem, os esforços para trazer as pessoas de volta
do que se acredita ser a morte já existem há décadas. Tisherman começou
seus estudos com Peter Safar, que nos anos 1960 criou a técnica
pioneira de reanimação cardiorrespiratória. Com uma massagem cardíaca, é
possível manter o coração artificialmente ativo por um tempo.
“Sempre fomos criados para acreditar que a morte é um momento absoluto,
e que quando morremos não tem mais volta”, diz Sam Parnia, da
Universidade Estadual de Nova York.
“Com a descoberta básica da reanimação cardiorrespiratória nós passamos
a entender que as células do corpo demoram horas para atingir uma morte
irreversível. Mesmo depois que você já virou um cadáver, ainda existe
como resgatá-lo.”
Chance para vítimas de lesões
Nova York, EUA.“É uma das coisas mais incríveis de se observar: quando o coração começa a bater de novo”, diz o professor Peter Rhee, da Universidade do Arizona, um dos responsáveis pela “suspensão” da morte.
Ele contou que, após a operação em animais, foram realizados vários testes para avaliar se houve dano cerebral. Aparentemente nenhum porco apresentou problemas.
Um dos problemas a ser contornado é ver como os pacientes se adaptam com o sangue de outra pessoa. Os porcos receberam o próprio sangue congelado, mas no caso dos humanos será necessário usar o estoque do banco de sangues.
Se der certo, os médicos acreditam que a técnica poderia ser aplicada não só vítimas de lesões, como tiros e facadas, mas em pessoas com ataque cardíaco.
Nova York, EUA.“É uma das coisas mais incríveis de se observar: quando o coração começa a bater de novo”, diz o professor Peter Rhee, da Universidade do Arizona, um dos responsáveis pela “suspensão” da morte.
Ele contou que, após a operação em animais, foram realizados vários testes para avaliar se houve dano cerebral. Aparentemente nenhum porco apresentou problemas.
Um dos problemas a ser contornado é ver como os pacientes se adaptam com o sangue de outra pessoa. Os porcos receberam o próprio sangue congelado, mas no caso dos humanos será necessário usar o estoque do banco de sangues.
Se der certo, os médicos acreditam que a técnica poderia ser aplicada não só vítimas de lesões, como tiros e facadas, mas em pessoas com ataque cardíaco.
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