quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Um partido e um estado sem importância política alguma

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
  

20/01/2016

Logo o PMDB, partido que nada decide, volta a ser o centro das atenções neste mês morto para a política. Ele se reúne por horas e o único consenso é de que não há consenso. Nem de longe passa perto dos grandes problemas mineiros e nacionais que a todos preocupam. Apesar de ser o maior partido de sustentação do atual governo, desconhece o próprio papel, indo de aliado à oposição.
A começar pelo presidente nacional, Michel Temer, que é o vice-presidente da República e mostrou que não é de nada. Quando deveria apoiar a presidente Dilma, da qual é vice – e esperava-se isso dele pelo perfil até então coerentemente discreto -, Temer simplesmente embarca numa aventura que, de resultado, só expôs uma carta pusilânime e um encaminhamento de impeachment que foi reprovado pela Suprema Corte. Todo vice tem direito de sonhar, desejar e até articular pela cadeira da titular, mas lhe é exibido mínimo de competência e habilidade até para mostrar que, com ele, seria diferente.
Mas não. Do alto da expectativa de poder que reuniu em torno de si no momento mais crítico do impeachment, em poucos dias, hoje, está fazendo malabarismos para ser reeleito presidente do PMDB, cargo que ocupa há 14 anos, porque, sem ele, ficaria completamente anulado. Para isso, está negociando com o grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros, que quer tomar-lhe o posto, com a promessa de se licenciar após a reeleição, deixando na direção alguém dessa ala rival. Ou seja, ganha mas não leva. Pra quê?
Em Minas, onde se esperava que pudessem dar lição ao PMDB nacional, também não saiu nada. A bancada federal mineira de só sete deputados reuniu-se na segunda-feira para discutir sobre coisas miúdas e nem isso conseguiu. Basicamente, estavam na pauta o apoio à candidatura do mineiro Leonardo Quintão a líder do PMDB na Câmara dos Deputados e a indicação de outro, Mauro Lopes, ao Ministério da Aviação Civil. Nem uma coisa nem outra; sem decisão, o PMDB mineiro segue sem importância, sem ministério e sem influência na política nacional.
No centro da disputa, é claro, está o risco de impeachment de Dilma, que volta à pauta da Câmara dos Deputados no mês que vem. O governo teria oferecido o cargo de ministro de uma pasta vazia para que a bancada mineira ficasse fiel e contra a candidatura de Quintão. Não apoiaram Lopes nem Quintão. Resultado, Minas continuará desprestigiada pela presidente Dilma, que sequer se lembra das demandas do estado e dos compromissos que fez com seu aliado e amigo pessoal, o governador Fernando Pimentel (PT).
Ao final, todos trabalham para não ter disputas nem conflitos, como se tê-los fosse sinal de fraqueza. Ao contrário, demonstram falta de personalidade política. Estava na hora de o PMDB mineiro fincar posição e assumir o papel que tem no estado e no país, defendendo os governos que integra, ou então, que o deixe como os cargos que ocupa. Para lembrar um pouco de história, no PSD, que fez escola em Minas, todos discutiam à exaustão, mas chegavam a um consenso mínimo, o que fazia do partido e da seção mineira uma das mais fortes e influentes do país. Em vez disso, Minas segue sem partido, sem ministério, sem influência e sem importância para a política nacional.

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