segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A culpa é, sim, da oposição

Ricardo Galuppo
Ricardo Galuppo
rgaluppo@hojeemdia.com.br
  

14/02/2016

A incapacidade para solucionar os problemas do Brasil — dos mais complexos aos mais banais — tem sido a marca do governo Dilma Rousseff. Em qualquer assunto — aedes aegypti, infraestrutura ou economia —, a impressão que ele passa sempre é a do despreparo, do amadorismo e da falta de rumo. Essa é uma das faces mais evidentes do cenário político do Brasil de hoje. A outra face, tão eloquente quanto a inexistência de propostas factíveis por parte do governo, é a da falta de alternativas pelo lado da oposição. Assim como o PT, o PSDB também não tem dito coisa com coisa e ninguém é capaz de adivinhar o que o partido estaria fazendo hoje caso tivesse vencido as eleições.
Confrontado com essa questão, no final do ano passado, o senador Aécio Neves limitou-se a afirmar que suas propostas haviam sido apresentadas e debatidas na campanha de 2014. De fato, foram. Mas terá sido o bastante? Certamente, não. Afinal, os problemas do presente não podem ser resolvidos com os olhos postos no passado. E o país inteiro está ansioso para conhecer as medidas capazes de tirá-lo do atual estado de calamidade. Ou será que não está?

“Governo Paralelo”
Nesse aspecto, o PSDB tem muito a aprender com o PT. Depois de perder para Fernando Collor as eleições de 1989, Luiz Inácio Lula da Silva montou em São Paulo um escritório ao qual chamou de “Governo Paralelo”. Visto com desprezo pelos adversários, a experiência originou debates que davam a impressão de que Lula estava atento a tudo o que acontecia no país. Mesmo derrotado outras duas vezes por Fernando Henrique Cardoso, Lula jamais deixou de ter respostas para tudo.
Nem sempre eram respostas certas. Pode-se dizer que, no varejo, ele errou mais do que acertou. Suas posições contrárias ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal, para citar dois exemplos, foram ridículas. Tão ridículas quanto foi a postura de parlamentares do PSDB que, ao longo do ano passado, se opuseram a algumas medidas fiscais do governo com o mesmo entusiasmo com que as defenderiam caso seu partido tivesse vencido nas urnas.
“Caravana da Cidadania”
Se Lula errou no varejo, no atacado marcou um gol atrás do outro. Enquanto foi oposição, nunca ficou da defensiva. E sempre passou a impressão de ter no bolso do colete a solução para os problemas que Fernando Henrique não conseguia resolver. Num gesto que valeu mais pelo marketing do que pelos efeitos práticos, atravessou o país em viagens que tinham o nome pomposo de “Caravanas da Cidadania”. Com elas, visitou 359 cidades de 26 estados, sempre demonstrando preocupação com os brasileiros que, segundo ele, nunca tinham merecido a atenção do governo.
O resultado de tudo isso foi a consolidação de uma imagem que lhe assegurou (admitam ou não seus adversários) capital político suficiente para se manter de pé mesmo quando sua ruína parece iminente. A essa altura do campeonato, a oposição nada perderia se reunisse os intelectuais que a apoiam para oferecer uma alternativa ao país e, independente de quem será seu candidato em 2018, colocasse o pé na estrada para se mostrar presente. E teria muito a ganhar se apontasse um caminho que, no final das contas, restaurasse a esperança do povo.
Nesse aspecto, o PSDB tem muito a aprender com o PT

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