quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Aprovados em concurso de 2013 da Polícia Civil largaram empregos, mas não foram nomeados

03/02/2016 07:28 - Atualizado em 03/02/2016 07:28

Alessandra Mendes e Renato Fonseca - Hoje em Dia


Frederico Haikal/Hoje em Dia
Aprovados em concurso de 2013 da Polícia Civil largaram empregos, mas não foram nomeados
Bernardo era concursado, mas pediu exoneração para fazer o treinamento

Thiago Soares é pai de um menino de 3 meses, mas se viu obrigado a largar dois empregos. Ludmila Almeida está desempregada e se vira como pode ao lado do marido para pagar as prestações do novo apartamento. Bernardo Guimarães era concursado e agora faz bicos em consultórios odontológicos. Já Thiago Maia entrou em depressão e Gustavo Simões interrompeu uma promissora carreira acadêmica.
As histórias são diferentes, mas a origem dos dramas é a mesma. Os cinco estão entre um seleto grupo de 146 aprovados no concurso da Polícia Civil, realizado em 2013, para peritos criminais e médicos-legistas. No ano passado, entre maio e agosto, fizeram um treinamento – última etapa antes de iniciar o serviço público – e receberam o certificado de formatura. Passados sete meses, após abandonarem os antigos ofícios, vivem momentos de angústia e incerteza.
Apesar de mil investigadores de outro concurso da polícia terem sido nomeados no último sábado, não há perspectiva de quando os novos peritos e médicos poderão atuar, apesar da defasagem na área.
O concurso vence em maio, mas pode ser prorrogado. Porém, a preocupação só aumenta diante da espera, reforça o farmacêutico Thiago Oliveira, de 30 anos. Morador de Betim, na Grande BH, ele também tinha dois empregos. “Como a academia de polícia exigia dedicação exclusiva, acabei tendo que pedir demissão. Estou desempregado, não tenho de onde tirar dinheiro, gastei tudo que estava guardado”.

Aprovados em concurso de 2013 da Polícia Civil largaram empregos, mas não foram nomeados
ABALADO – Thiago veio do interior para BH e agora passa por um tratamento psicológico
Efetivo insuficiente
Não bastassem as condições precárias de trabalho e os espaços sucateados, faltam profissionais para atender à população mineira, conforme revelam o sindicato da categoria e os atuais servidores. Segundo um perito do Alto Paranaíba, que pede para não ser identificado, apenas três profissionais são responsáveis por atender a dez cidades, com uma população de 220 mil habitantes. “Estamos fazendo 56 horas por semana, sem férias desde 2014. Não recebemos hora extra ou qualquer tipo de benefício”.
O presidente do Sindicato da Polícia Civil de Minas (Sindpol), Denílson Martins, diz que existem atualmente 450 médicos-legistas e 700 peritos. O ideal, diz Martins baseado em uma pesquisa nacional feita em 2013, seria de 1.100 médicos e 1.800 peritos. Ele reforça a necessidade urgente de investimento, mas diz que o sindicato tem feito frequentes reuniões com a nova cúpula da Polícia Civil. Segundo ele, a nomeação deve ocorrer em breve.
Questionada sobre o motivo de ter feito o treinamento dos aprovados, mesmo sem perspectiva de nomeação, a assessoria da Polícia Civil disse que a intenção era agilizar o processo. Dessa forma, assim que a nomeação ocorrer, os concursados poderão ser designados para as unidades da corporação.
Segundo o órgão, a convocação dos peritos e médicos-legistas depende, agora, apenas da assinatura do governador Fernando Pimentel.
Já a assessoria do governo do Estado informou que o cronograma de nomeações segue trâmites estabelecidos em lei, que estariam em andamento.

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