quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Há tempos, o país espera o ano começar após o Carnaval

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
  
10/02/2016

No início de cada ano, e nesta época, há uma mania de dizer que o país só retoma os trabalhos após o Carnaval, que terminou nessa terça oficialmente, mas não há data precisa para as coisas começarem a andar. Se será agora ou depois da Semana Santa. A indefinição atende a interesses políticos de quem não sabe por onde começar. A política até que é dinâmica, mas a história é teimosa. Há um ano, por exemplo, Minas discutia o futuro dos servidores da Lei 100 (sem concurso), a reivindicação do pagamento do piso nacional aos professores, o Orçamento de 2015 e a reforma administrativa.
Um ano depois, estamos no mesmo lugar e com os mesmos desafios. O governo cumpriu, no dia 31 de dezembro, a sentença da Suprema Corte, que determinou a demissão de todos da Lei 100, que, em 2007, foram contratados sem concurso (inconstitucional), mas o fez sem um planejamento administrativo e político. Oito mil desses servidores que estavam de licença médica, até mesmo gestantes, foram desligados; todos eles, mais de 50 mil, saíram sem receber o ‘rateio’, como é chamado o mês de janeiro para os contratos temporários.
O novo piso foi negociado num acordo histórico, mas ainda não foi paga a segunda parcela (a concessão do reajuste nacional do piso, de 11,36%). Nova reunião acontece nesta quinta (11) para discutir ambos os temas. Já o Orçamento sofrerá novos cortes e a reforma administrativa começa a ser rediscutida neste mês.
No plano nacional, a operação Lava Jato entrava em seu segundo ano para desbaratar o esquema de desvios na Petrobras. O governo Dilma Rousseff (PT) enfrentava os mesmos problemas que ainda o deixa paralisado, como a falta de popularidade e de apoio político para apontar e viabilizar soluções para o ajuste das contas públicas e a retomada do crescimento da economia. Ainda nessa terça à noite, o PT voltou à TV com novas inserções (comerciais) da propaganda partidária gratuita para defender o resgate do otimismo com o Brasil. Continua sem dar respostas às acusações de envolvimento com os malfeitos na estatal e uso de dinheiro ilícito em campanhas eleitorais, presidenciais e estaduais.
No plano municipal, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), iniciava operação política para romper com a bipolarização tucano-petista. Por enquanto, permanece aliado ao PSDB. Tudo somado, podemos concluir que, após o Carnaval do ano passado, o país ainda não recomeçou.
Em sintonia com o Planalto
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), deverá promulgar a PEC da janela partidária, que permitirá o troca-troca de partidos durante 30 dias, somente após a eleição do líder do PMDB na Câmara dos Deputados. O governo e aliados esperam reconduzir o deputado Leonardo Picciani (RJ) no próximo dia 17. A migração partidária poderia atrapalhar sua reeleição. A expectativa é de redução da bancada do partido, de 67 deputados, a maior atualmente.
O PT é o que mais perdeu desde a eleição de 2014, com nove a menos, caindo para 59 e deixando de ser a maior bancada, e pode ter mais baixas com a tal janela. A dança de cadeiras, desta vez, está menos atrativa, porque, pela nova regra, os deputados não poderão levar a cota do fundo partidário e o tempo de rádio e TV para o novo partido.

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