Investigação
Celebração. Lula participou da comemoração dos 36 anos do Partido dos Trabalhadores, anteontem
PUBLICADO EM 29/02/16 - 03h00
Rio de Janeiro.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso na festa de
aniversário de 36 anos do PT anteontem, no Rio de Janeiro, para fazer
sua primeira defesa pública sobre as suspeitas de ter sido favorecido
por empreiteiras em imóveis no interior e no litoral de São Paulo. O
petista tentou se desvincular das duas propriedades investigadas e
atacou o Ministério Público e a Polícia Federal.
Pela primeira vez, o petista disse
publicamente ter recebido o sítio em Atibaia de presente por iniciativa
de seu amigo Jacob Bittar, fundador do PT, e de outros companheiros.
“Ele inventou de comprar uma chácara para que eu pudesse utilizar quando
eu deixasse a Presidência. Fizeram uma surpresa pra mim até o dia 15 de
janeiro (de 2011)”, afirmou. “A chácara não é minha”.
Em relação ao triplex no Guarujá, no litoral
paulista, em que há suspeitas de que Lula foi favorecido pela OAS, o
petista disse não ter relação com a propriedade. “Eu digo que não tenho o
apartamento. A empresa diz que não é meu. E um cidadão do Ministério
Público, obedecendo ipsis literis o jornal ‘O Globo’ e a Rede Globo,
costuma dizer que o triplex é meu”, apontou, depois de ironizar o imóvel
como “triplex do Minha Casa Minha Vida, de 200 m²”.
Lula afirmou que parte do Ministério Público
se subordina à imprensa e afirmou que “as pessoas que se subordinam
dessa forma não merecem o cargo que estão no país, concursadas para
fazer justiça, para investigar”.
O ex-presidente disse ainda ter recebido a
informação de que terá seus sigilos bancário, telefônico e fiscal
quebrados, mas não especificou o que motivou a ordem. “Se esse for o
preço que a gente tem que pagar para provar a inocência, eu faço”,
declarou. “Só quero que depois me deem um atestado de idoneidade”.
O procurador da República Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato, rebateu as críticas
do ex-presidente. Dallagnol afirmou que alguns acusados, “diante da
robustez das provas”, têm buscado agredir o acusador para tentar tirar a
credibilidade da acusação.
“Existem basicamente dois modos de você
responder uma acusação. O primeiro modo é mostrar que aquilo que a
pessoa disse é mentira e que está errado. O segundo é desacreditar e
tirar a credibilidade das pessoas que te acusam. O que vários acusados
têm feito diante da robustez das provas é buscar agredir o acusador,
tentando tirar desse modo a credibilidade. Mas isso é criar uma espécie
de teoria da conspiração”, afirmou.
Corrupção. Dallagnol esteve anteontem na
Primeira Igreja Batista de Campo Grande, zona oeste do Rio, para dar uma
palestra sobre a campanha “Dez medidas contra a corrupção” para cerca
de 2.000 jovens.
Após o evento, ele disse que o Ministério
Público Federal está aguardando mais informações vindas da Suíça, que
podem revelar novos fatos sobre o caso. “Existem muitas perspectivas
novas. Investigações sendo desenvolvidas em relação a outros setores da
Petrobras, perspectivas de novas colaborações que estão sendo tratadas, e
existe também a expectativa de que venha um grande material da Suíça
trazendo contas de pessoas usadas para pagar e receber propina”.
Segundo ele, das 300 contas reveladas pelo
procurador geral suíço, que são suspeitas de terem sido usadas para
pagamento de propinas, apenas cerca de 10% foram analisadas pela
força-tarefa brasileira. “Durante esse tempo certamente as investigações
lá se expandiram. Existe um grande copo aprobatório de fatos que a
gente ainda não tem conhecimento, que está lá e que em algum momento
virá para o Brasil e repercutirá em novas investigações e novas delações
aqui”.
Ao lado do juiz Sérgio Moro, Dallagnol é uma das caras mais visíveis da operação Lava Jato.
Presidente
Carta. Ausente
da festa, Dilma Rousseff enviou uma carta, que não foi bem recebida. A
cúpula do PT está insatisfeita com a agenda econômica do Planalto com
defesa de temas que contrariam bandeiras históricas da sigla, como a
reforma da Previdência.
Procuradoria pede condenação de Vaccari e Duque por lavagem
Procuradoria pede condenação de Vaccari e Duque por lavagem
Rio de Janeiro. O Ministério
Público Federal requereu, em alegações finais, a condenação do
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto por 24 atos de lavagem de dinheiro
na operação de repasse de R$ 2,4 milhões em propinas para ele próprio e
para o partido por meio de contratos fictícios firmados com a Editora
Gráfica Atitude.
A Procuradoria da República também pede a condenação do ex-diretor de Serviços da Petrobrás, Renato Duque, apontado como indicação do PT no esquema de corrupção e cartel na estatal petrolífera desmontado pela operação Lava Jato.
A Procuradoria pediu a suspensão
do processo em relação ao empresário Augusto Mendonça, que fez delação
premiada. “Com objetivo de quitar pendências espúrias decorrentes de
contratos firmados pelo Grupo SOG/Setal com a Petrobrás, Mendonça
procurou Duque que, por sua vez, o orientou a procurar o então
tesoureiro do PT a fim de que estipulassem a melhor forma para o repasse
das vantagens indevidas”, argumentam nove procuradores da República que
integram a força-tarefa da Lava Jato.
Vaccari e Duque já foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro em outras ações penais da Lava Jato. Essa ação, na etapa de alegações finais, é relativa ao suposto repasse de R$ 2,4 milhões em propinas para o ex-tesoureiro e o PT.
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