sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão na Samarco

05/02/2016 09:22 - Atualizado em 05/02/2016 09:22

Cristina Barroca - Hoje em Dia



Wesley Rodrigues - Hoje em Dia
Polícia Civil faz buscas na Samarco

⁠⁠⁠No dia em que a tragédia em Mariana completa três meses, a Polícia Civil de Minas Gerais cumpre mandados de busca e apreensão na mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e anglo-australiana BHP Billiton, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. As ações também estão sendo feitas na sede da mineradora em Mariana, na Região Central de Minas.

As buscas, com participação de peritos, ocorre na manhã desta sexta-feira (5), e é comandada pelo Delegado regional de Ouro Preto, Rodrigo Bustamante, com apoio da Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp) . Desde às 8 horas da manhã, cerca de 13 policiais estão na sede da empresa na rua Paraíba, na Savassi. No local estão sendo recolhidos computadores e outros equipamentos de informática da empresa. O material será usado nas investigações. Agentes estão fazendo backup de arquivos digitais e análises de documentos.

A maior tragédia ambiental do país completa três meses nesta sexta-feira, Deixou 17 mortos e duas desaparecidas. No dia 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, em Mariana, se rompeu, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, afetando ainda Águas Claras, Ponte do Gama, Paracatu e Pedras, além das cidades de Barra Longa e Rio Doce. Os rejeitos seguiram pelo rio Doce e atingiram mais de 40 cidades no Leste de Minas e no Espírito Santo.
A Polícia Civil, com ações coordenadas pelo delgado Rodrigo Bustamante, de Ouro Preto, apura as responsabilidades pelo rompimento e pelas mortes. Já os crimes ambientas são foco de investigação da Polícia Federal, que indiciou a Samarco, a Vale, a empresa VogBR e sete executivos e técnicos. Entre os indiciados está o diretor-presidente licenciado da Samarco, Ricardo Vescovi.

Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão na Samarco
Policiais estão fazendo backup de arquivos digitais e cópia de documentos (Foto: Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)
Rejeitos de barragem da Samarco causaram prejuízo de R$ 1,2 bi

Os rejeitos de minério de ferro da barragem da Samarco que se rompeu em Mariana provocou prejuízo de R$ 1,2 bilhão ao Estado de Minas Gerais e aos 35 municípios banhados pelo Rio Doce, atingido pela lama. O valor consta em relatório divulgado nesta quinta-feira, 4, pela força-tarefa montada pelo governo de Minas para apurar prejuízos causados pela tragédia. O valor será cobrado da Samarco, que pertence à Vale e à BHP Billiton. No total não estão incluídos danos ambientais e recursos que serão utilizados para o pagamento de indenização a famílias.
Conforme o relatório, 320 mil pessoas foram atingidas pela tragédia, que já tem 17 mortes confirmadas. Duas pessoas ainda estão desaparecidas. Nesta sexta, 5, completam-se três meses do desabamento da represa, que vem sendo investigado pela Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual.
O levantamento do governo do Estado levou em consideração dados coletados entre as cidades de Mariana e Aimorés, na divisa com o Espírito Santo, onde o Rio Doce deságua. Na conta estão incluídas a reconstrução do distrito de Bento Rodrigues, destruído pela lama, recuperação de estradas e gastos com saneamento e saúde pública feitos pelo Estado e municípios, além da paralisação de atividades comerciais, industriais e agropecuária pela iniciativa privada.
"É um valor inicial. Sempre teremos recortes semanais e mensais em que aparecerão novos gastos. O ponto final está longe de ser alcançado", afirmou o secretário estadual de Desenvolvimento Regional Política Urbana e Gestão Metropolitana, Tadeu Martins Leite.
Conforme o relatório, a cadeia produtiva da região registrou prejuízos ao setor privado de R$ 540.466.816,00, segundo informações repassadas pelos municípios. As perdas foram por morte de animais, destruição de lavouras, pastagens, máquinas e construções. Os prejuízos públicos totalizaram R$ 146.066.455,33, principalmente com a prestação de serviços como abastecimento de água, que ficou prejudicado com a lama no Rio Doce. Em relação à infraestrutura pública, a lama da Samarco consumiu R$ 513.755.631,00, com a destruição de estradas, postos de saúde, escolas, e comunidades, total ou parcialmente, como Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana.
Segundo o secretário Tadeu Leite, o próximo passo será negociar com a Samarco o ressarcimento dos danos. Na avaliação do Estado, o R$ 1,2 bilhão poderá ser cobrado dentro da ação judicial de R$ 20 bilhões movida pela União e os governos de Minas e Espírito Santo contra a Samarco, Vale e BHP, para pagamento de prejuízos provocados pela lama. Existe a possibilidade ainda de que o valor faça parte do acordo que os governos tentam fazer com as empresas há 15 dias, mas ainda sem sucesso.
A ação judicial movida pela União e os dois governos estaduais previa o depósito de R$ 2 bilhões pelas empresas em janeiro. Por acordo entre as partes foi dado 15 dias para o repasse. Nesta quarta, a Samarco pediu a suspensão do processo. A justificativa apresentada à Justiça é que as negociações ainda estão ocorrendo e que precisam de mais tempo para conclusão. Para o advogado-geral do Estado de Minas Gerais, Onofre Alves Batista Júnior, que participou nesta quinta da reunião da força-tarefa para divulgação do relatório sobre os danos provocados pela lama da Samarco, é preciso definir a questão judicial entre o poder público e as empresas. "Se não houver um acordo rápido, que se faça o depósito", disse. Não há prazo para que a Justiça decida sobre a suspensão do processo.
Em nota, a Samarco afirmou que vem dialogando com o Governo de Minas um acordo envolvendo União, Estado do Espírito Santo, dentre outros atores. A empresa afirma que desconhece o valor apresentado.

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