"Alteri ne facias quod tibi fieri non vis"
Não faças aos outros o que não queres que te façam
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Presidente do PT se contradiz sobre defesa de Lula
Na
mira da Lava Jato, ex-presidente reuniu conselho do partido para tratar
das suspeitas contra ele. Embora tenha confirmado que esse era um dos
temas do encontro, Rui Falcão disse mais tarde que assunto não foi
tratado
Por: Eduardo Gonçalves - Atualizado em
Na
mira do Ministério Público em São Paulo e da Operação Lava Jato, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu nesta segunda-feira o
Conselho Político da Presidência do PT para tratar das investigações
contra ele. Oficialmente, o grupo foi chamado também para tratar da
conjuntura do país e discutir saídas para a crise econômica - provocada
justamente pela desastrada gestão da presidente Dilma Rousseff. Na
sexta-feira, Lula se reuniu com Dilma em São Paulo e, depois do
encontro, ela se comprometeu a assumir um discurso de defesa moderada de
seu antecessor. No sábado, a presidente afirmou que o padrinho político
é alvo de uma 'injustiça'. Leia mais: A portas fechadas, Dilma se reúne com Lula em hotel de São Paulo Em dia de zika, Dilma sai em defesa de Lula: "Injustiça"
Pouco antes da reunião em um hotel na capital paulista ter
início, o presidente do PT, Rui Falcão, divulgou nota em que tratava da
pauta do encontro. "As ameaças crescentes ao Estado Democrático de
Direito, a ofensiva reacionária para criminalizar o PT e a escalada de
ataques ao companheiro Lula são temas prioritários na reunião do
Conselho Político da Presidência do PT, nesta segunda-feira (15), em São
Paulo", dizia o texto publicado pela agência de notícias do partido.
Horas depois, em coletiva de imprensa ao término do encontro, Falcão
negou que a reunião tenha abordado as suspeitas que pesam contra o
ex-presidente Lula em relação sítio de Atibaia e ao tríplex do Guarujá,
que foram reformados por empreiteiras do petrolão. Disse ele: "Queria
desmentir cabalmente o que hoje alguns sites deram de que essa reunião
era para discutir linhas de defesa do presidente Lula. Isso não ocorreu,
não estava na pauta". Questionado sobre a nota assinada por ele mesmo,
tentou corrigir-se: "Ah sim, naturalmente as pessoas fazem isso sempre,
mas não era pauta da reunião".
O discurso de Falcão durante a coletiva dá indícios da estratégia
traçada pelo conselho. O presidente do PT preferiu atacar a Operação
Lava Jato e saiu em defesa dos presos em Curitiba. Segundo Falcão, houve
"abolição do habeas corpus" e "inversão do princípio de presunção de
defesa". O petista ainda disse que os delatores foram "transformados em
heróis" pela imprensa - mas se calou sobre os criminosos condenados
tratados como heróis pelo partido.
Falcão também saiu em defesa de Lula quando perguntado sobre o sítio
frequentado pelo ex-presidente. "São denúncias infundadas, haja vista
que o sítio tem escritura, tem nome de proprietário, e o proprietário
faculta as visitas a quem ele quiser, principalmente a Lula. É uma
denúncia que não faz nenhum sentido", afirmou. Os investigadores apuram
se as reformas feitas no imóvel pelas empreiteiras investigadas foram
uma forma de compensação por contratos obtidos com a Petrobras.
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