segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Rodovias Mineiras: Trajetos mortais e sem obras

Editorial
Jornal Hoje em Dia
portal@hojeemdia.com.br
  

28/02/2016

Há mais de cinco décadas que o Brasil fez a opção preferencial pelo transporte por estradas. O problema é que fez isso sem se preocupar em realmente dotar o país de vias de rodagem que proporcionassem segurança e eficiência. Traçados como o da BR-381, por exemplo, que liga Belo Horizonte ao Leste de Minas, são completamente inadequados para o fluxo de trânsito dos dias de hoje.

E é isso que coloca o Brasil como um dos principais países em que mais pessoas morrem em acidentes de trânsito, sobretudo nas rodovias. Apesar de trágico, não é só esse o prejuízo para a nação. Conforme mostra reportagem nesta edição, um estudo do Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que no período de 2009 a 2014 o país teve uma perda de R$ 96 bilhões em função dos acidentes rodoviários.

Os números são astronômicos. Foram contabilizados no período analisado mais de 1,1 milhão de ocorrências no trânsito do Brasil. Para se entender a defasagem da malha viária nacional em função do aumento do tráfego, o TCU escolheu determinados trechos de estradas com maior índice de acidentes. O resultado foi que em vias cujo fluxo de veículos deveria ser de 1.400 por dia, hoje elas recebem até 19 mil carros, ônibus, caminhões e motocicletas diariamente.

Isso ocorre em função de os traçados terem sido projetados há décadas, e nada ter sido feito à medida que o tempo passava e a frota nacional ia se multiplicando, apesar de, como foi dito, o país ter feito a opção pelo transporte rodoviário. O resultado disso é que em 2014, por exemplo, foram 43 mil óbitos e 201 mil feridos hospitalizados.

E, como também aponta a reportagem, as obras de restauração, manutenção e conservação não levam em consideração o histórico de acidentes dos trechos, o que prejudica a modernização da via. A parte de Minas escolhida pelos técnicos do TCU foram dois trechos da BR-381, uma rodovia que foi projetada com base em trilhas dos antigos tropeiros.

Essa estrada está em um processo de duplicação que não tem avançado, em função das escassez de recursos federais e de desavenças com os consórcios de empreiteiras. Umas das curvas mais mortais se encontra nela. É no Km 343, em Bela Vista de Minas, palco de grandes tragédias. E que, infelizmente, continuarão a acontecer.

Nenhum comentário: