domingo, 13 de março de 2016

"A liberdade de manifestação deve ser respeitada", diz Palácio do Planalto em nota

Tempo

A presidente Dilma passou o dia no Palácio da Alvorada, onde se reuniu com assessores para avaliar manifestações. Integrantes do PT adotam tom otimista

TALITA FERNANDES E RICARDO DELLA COLETTA
13/03/2016 - 19h12 - Atualizado 13/03/2016 20h18-Época
PROTESTOS Mais de 100 mil foram à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pedir o impeachment de DIlma (Foto: Adriano Machado/ Epoca)
As manifestações vistas neste domingo (13) em diversas cidades brasileiras mostram que a pauta do impeachment, que parecia ter arrefecido no primeiro mês do ano, voltou a ganhar força nas ruas. Os que pediam a saída da presidente seguravam mensagens contra a corrupção, contra o governo Dilma e o PT e exaltavam a imagem do juiz Sergio Moro, responsável por conduzir a Operação Lava Jato em primeira instância. Ordens de críticas ao ex-presidente Lula também foram ouvidas dos mesmo que apoiaram as decisões recentes da justiça de ouvi-lo coercitivamente na Lava Jato.
Enquanto isso, o governo permaneceu silencioso. A presidente Dilma Rousseff passou o dia encastelada no Palácio da Alvorada, onde conversou com ministros do núcleo duro do governo. O Palácio evita qualquer manifestação imediata porque sabe que qualquer leitura de cenário será interpretada como ruim para o governo. No fim da noite, o governo divulgou uma nota sobre os protestos de domingo: "A liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada. O caráter pacífico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um país que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito às suas leis e às instituições.”
>>As manifestações de 13 de março em todo o Brasil
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), reconhece que as manifestações deste domingo foram fortes, mas afirma que o governo vai persistir em sua existência. "Vamos lutar para que não haja nenhuma descontinuidade no regime democrático", disse o senador, que está em viagem ao Uruguai para uma reunião do Parlasul. De acordo com a assessoria do senador, a ideia é levar a defesa do PT, de que um processo de impeachment de Dilma significaria um golpe, para uma discussão continental, para países da América Latina.
Já para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), as manifestações não foram superiores àquelas vistas em março do ano passado. Para ele, a saída do governo é estabelecer um diálogo com a oposição o que, segundo ele, só será possível se for abandonada a bandeira do impeachment. Na leitura de um outro parlamentar do PT, a leitura é de que o governo não caiu até agora porque PMDB e oposição temem a reação dos movimentos sociais. "Este não é o governo do Collor, existe base social", avalia.
Em São Paulo, o presidente do PT, Rui Falcão, acompanhou as manifestações ao lado de correligionários. A sigla tenta fazer uma leitura otimista das manifestações, embora reconheça que o movimento ganhou força neste domingo. Sob essa ótica, foi visto como um ponto positivo o fato de não só integrantes petistas, mas também lideranças do PSDB terem sido alvo de críticas durante as manifestações, o que indicaria uma visão pessimista por parte da população com a classe política como um todo. Nessa mesma visão otimista, a saída seria uma troca na estrutura ministerial de Dilma, especialmente como uma composição que conte com o ex-presidente Lula no governo. Convidado por duas vezes para compor a Esplanada dos Ministérios, Lula ainda não tomou uma decisão. O ex-presidente deve vir a Brasília ainda nesta semana para falar de saídas para o governo.
Dilma se reuniu com os ministros José Eduardo Cardozo (AGU), Jaques Wagner (Casa Civil), Antônio Carlos Rodrigues (Transportes), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Aldo Rebelo (Defesa) e Edinho Silva (Comunicação Social).

Nenhum comentário: