quarta-feira, 16 de março de 2016

Aécio emprestou avião para Delcídio do Amaral quando era governador de Minas

16/03/2016 07:15 - Atualizado em 16/03/2016 07:15

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia


Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Aécio emprestou avião para Delcídio do Amaral quando era governador de Minas
Senador Aécio Neves negou também ter recebido propina de Furnas, conforme delação de Delcídi

O senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), novo delator da Operação “Lava Jato”, usou uma aeronave do governo de Minas para se deslocar de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro em 7 de junho de 2006.

O objetivo da viagem, segundo Delcídio, seria para tratar do suposto envolvimento do então governador Aécio Neves e de aliados com os fatos que estavam sendo investigados pela CPI dos Correios. Em delação, Delcídio disse que Aécio teria mandado emissários para adiar prazos na entrega de sigilos bancários do extinto Banco Rural para a CPI. Delcídio era o presidente da CPI.

O registro do voo foi confirmado nessa terça (15) ao Hoje em Dia pela assessoria do atual governo estadual, com base em registro do gabinete militar. O motivo do deslocamento não foi explicado.

No anexo 13 da delação, Delcídio sustenta que Aécio atuou para interferir no andamento da CPI. A comissão investigou o esquema do mensalão do PT e, segundo Delcídio, Aécio estava incomodado com a quebra de sigiloso bancário do Banco Rural.
Mensalão tucano

Além do esquema petista, o Rural é acusado de ter operado o mensalão mineiro, também conhecido como mensalão tucano.

Em depoimento, Delcídio sustentou ter tratado esse tema com Aécio em Belo Horizonte, no palácio do governo, e que depois dessa reunião o tucano “franqueou o avião do Governo de Minas Gerais para que o declarante viajasse para o Rio de Janeiro”.

As maquiagens das informações do extinto Banco Rural realmente foram realizadas e, segundo Delcídio, ‘serviram para esconder’ dados de Aécio, do ex-senador Clésio Andrade, ex-vice do tucano, de Marcos Valério e “companhia”.

“Marcos Valério comentou com o declarante (Delcídio do Amaral) que a tecnologia do mensalão foi desenvolvida no Estado de Minas Gerais e exportada para o PT”, diz trecho da delação.

Furnas

Em outro ponto da delação, Delcídio acusa Aécio de ter recebido propina de Furnas.

No anexo 5 da delação, Delcídio disse que “sem dúvida” Aécio recebeu vantagens indevidas do esquema de corrupção de Furnas, semelhante ao da Petrobras, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras. O operador apontado por Delcídio é o ex-diretor de engenharia da estatal Dimas Toledo, indicado pelo PSDB e PP.
Com chegada do ex-presidente Lula ao poder, Dimas passou a colaborar também com o PT. A defesa de Dimas Toledo repudiou a delação de Delcídio.

Em nota ao Hoje em Dia, Aécio confirmou ter cedido a aeronave a Delcídio, mas não explicou o motivo da viagem. Segundo o comunicado, o deslocamento da aeronave ocorreu dentro da legislação, que prevê o transporte de autoridades e agentes públicos em missões oficiais.
Ainda segundo a nota, autoridades de diferentes partidos, como o ex-prefeito Fernando Pimentel, os governadores Sérgio Cabral e Paulo Hartung, além do deputado petista Arlindo Chinaglia (PT), também utilizaram as aeronaves do Estado. Em relação a Furnas, o tucano disse ser falsa a acusação.

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